Martinho José Ferreira, mais conhecido como Martinho da Vila, é uma figura icônica da música brasileira e um importante representante da cultura afro-lusófona. Nascido em 12 de fevereiro de 1938, em Duas Barras, Rio de Janeiro, sua trajetória de vida e sua contribuição para as artes e para a promoção da cultura é um verdadeiro marco.
Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, Martinho mudou-se para o Rio de Janeiro aos quatro anos de idade. Sua jornada começou como auxiliar de químico industrial, função que aprendeu em um curso intensivo do SENAI. Posteriormente, serviu o Exército Brasileiro, ascendendo a cabo e sargento, e cursou a Escola de Instrução Especializada, onde se formou em contabilidade. Contudo, sua paixão pela música o levou a abandonar a carreira militar e se tornar cantor profissional.
A ascensão de Martinho ao estrelato ocorreu no III Festival de MPB da TV Record, em 1967, com a apresentação de “Menina Moça”. No ano seguinte, sua música “Casa de Bamba” o consagrou como um dos maiores nomes da música brasileira. Seu primeiro álbum, lançado em 1969, entregou seu talento como compositor e músico, com sucessos como “O Pequeno Burguês”. Desde então, Martinho acumulou sucessos, prêmios e reconhecimento nacional e internacional.
Além de sua contribuição para a música, Martinho é reconhecido por seu engajamento cultural e social, Fundador do projeto “O Canto Livre de Angola” e líder do Grupo Kizomba, foi nomeado Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da CPLP, promovendo a lusofonia e incentivando as relações linguísticas.
No projeto Concerto Negro, foi pioneiro, idealizado em 1988 em parceria com o maestro Leonardo Bruno, um espetáculo sinfônico que celebra a contribuição do povo negro à música erudita, integrando elementos da cultura afro-brasileira com um repertório clássico, demonstrando a riqueza e a diversidade da herança cultural brasileira. Como membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão de Apoio à Cultura, do MInC, uma contunden te contribuição no desenvolvimento cultural do país. A extensa lista de prêmios e condecorações de Martinho reflete seu impacto duradouro na cultura brasileira, recebendo títulos como Cidadão Carioca, Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro e Comendador da República. Além disso, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, o Prêmio Shell de Música Popular Brasileira e o Grammy Latino, entre outros.
A ligação de Martinho com o carnaval é profunda, especialmente com a escola de samba Unidos de Vila Isabel. É autor de diversos sambas-enredos memoráveis, como Kibomba a Festa da Raça, Canta Canta minha Gente, entre outros, consagrando o poeta na agremiação, consagrando-o no cenário carnavalesco.
Apesar de ser reconhecido como um sambista, Martinho é um artista versátil, explorando diversos ritmos da música brasileira e colaborando com artistas internacionais. Além de sua carreira musical, Martinho é escritor, membro de academias literárias e ingressou na faculdade de Relações Internacionais aos 79 anos.
A vida e obra de Martinho da Vila são um testemunho vivo da riqueza e diversidade da cultura brasileira e da lusofonia. Sua música transcende fronteiras, deixando um legado de identidade, dos valores do povo brasileiro e dos países de língua portuguesa. Sua contribuição para as artes e para a sociedade é incomparável, deixando um testamento eterno para as gerações futuras.
Credito: Martinho Da Vila, Chico César – Acender as Velas
LANÇAMENTO DO LIVRO MARTINHO DA VILA
No dia 21/03 as 19hs na Livraria da Travessa, no Leblon, Rio de Janeiro, Martinho vai lançar mais uma obra literária, pela editora Planeta.