Antonieta de Barros foi uma mulher extraordinária que desafiou as barreiras de seu tempo. Nascida em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, ela se destacou como uma das pioneiras na luta por igualdade e pela educação no Brasil. Em uma época marcada por racismo e machismo, Antonieta superou os desafios de ser uma mulher negra e conquistou seu lugar como educadora, jornalista, escritora e, acima de tudo, defensora da educação pública.
Desde jovem, Antonieta sentiu o poder transformador da educação. Filha de uma família humilde, ela encontrou nos livros e no ensino a ferramenta para mudar sua realidade e a de tantas outras pessoas. Formou-se professora e, logo, seu talento e dedicação a colocaram em evidência. Não demorou para que Antonieta passasse a usar sua voz não apenas nas salas de aula, mas também na política.
Em 1934, Antonieta de Barros quebrou barreiras históricas ao se tornar a primeira deputada negra do Brasil, eleita para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Foi uma vitória grandiosa para uma mulher em um contexto social profundamente conservador. Reeleita em 1947, sua trajetória como parlamentar foi marcada pelo incansável trabalho em prol da educação e da valorização dos professores, defendendo a importância de uma educação pública inclusiva e acessível a todos.
Foi durante seu segundo mandato que Antonieta fez história mais uma vez. Em 1948, ela propôs a criação do Dia do Professor, uma data que, mais do que uma celebração, foi pensada para trazer à tona a relevância dos educadores na construção de uma sociedade mais justa e preparada. Escolhido o dia 15 de outubro, a data faz referência à criação das primeiras escolas de ensino básico no Brasil, instituídas por D. Pedro I no século XIX. A visão de Antonieta ia além da homenagem — ela desejava que esse dia fosse também um momento de reflexão sobre as condições de trabalho dos professores e sobre a urgência de se investir em políticas públicas voltadas à educação de qualidade.
Antonieta de Barros não era apenas uma política ou uma educadora. Foi também uma das primeiras mulheres negras a se destacar como escritora no Brasil, publicando artigos e textos em defesa da igualdade racial, dos direitos das mulheres e da importância da educação. Sua escrita era uma extensão de sua luta, uma forma de dar voz a temas que eram ignorados na sociedade da época.
Com uma visão progressista, Antonieta via na educação o caminho para a transformação social. Ela acreditava que a valorização dos professores era crucial para o desenvolvimento de qualquer país, e seu legado é evidente até hoje. O Dia do Professor, comemorado anualmente, é uma marca indelével de sua trajetória e de sua paixão pela educação.
O legado de Antonieta de Barros permanece vivo. Sua luta, tanto na política quanto nas letras, inspirou gerações e continua a ecoar na luta pela educação e pela igualdade de direitos no Brasil. Ela não apenas abriu portas, mas pavimentou o caminho para que outras mulheres negras também pudessem se erguer e transformar a sociedade.
Antonieta de Barros foi muito mais do que uma pioneira: foi uma visionária, uma mulher à frente de seu tempo, cuja coragem e determinação nos lembram da importância de continuar lutando por uma educação inclusiva e pela valorização de todos aqueles que dedicam suas vidas a ensinar.
Antonieta nos deixou um legado que vai além das palavras e dos atos políticos. Seu exemplo nos inspira a não desistir de nossos ideais, mesmo quando o caminho parece difícil. Que a cada Dia do Professor possamos nos lembrar de que educar é um ato de resistência e de esperança — algo que Antonieta de Barros sempre soube e nos ensinou a valorizar. — Dai Schmidt