“Desfiles Revelam História, Cultura e Identidade nas Avenidas de São Paulo e Rio de Janeiro”
O Carnaval de 2024 deixou um legado marcante de educação e resistência negra. Esta festa, embora de origem pagã e não brasileira, tornou-se mais do que uma simples celebração em solo brasileiro nos séculos XX e XXI. Tornou-se uma poderosa ferramenta de educação, uma escola viva que ensina, inspira e fortalece as comunidades negras, pobres e periféricas. Além disso, é uma fonte de sustento para muitas famílias e um espaço vital para encontros, descobertas de identidade e parcerias solidárias.
O Carnaval é uma oportunidade única de subverter a individualidade predominante em nossa sociedade contemporânea em prol de um sentimento coletivo de pertencimento e solidariedade. Uma das formas mais marcantes de educação proporcionada pelo Carnaval é através dos enredos das escolas de samba. Estes enredos oferecem verdadeiras lições de história, cultura e identidade, especialmente para aqueles cuja história e cultura são frequentemente marginalizadas nos currículos formais de educação.
Este ano, os desfiles das escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro foram palcos de verdadeiras aulas sobre a história e a cultura negra e indígena. Em São Paulo, por exemplo, a Acadêmicos do Tucuruvi apresentou o enredo “Ifá”, que abordou a religiosidade e filosofia originárias de Ilê Ifé, na Nigéria, promovendo o respeito a todas as religiões. A Camisa Verde e Branco homenageou o rei Oxossi com o enredo “Adenla – O imperador nas terras do rei”. A Dragões da Real destacou vários reinos africanos e seus líderes com o enredo “África – Uma constelação de reis e rainhas”. E a Independente Tricolor trouxe à tona a história das guerreiras do Reino do Daomé com o enredo “Agojie, a Lamina da Liberdade”.
No Rio de Janeiro, a Mangueira celebrou a cultura maranhense e homenageou a cantora Alcione. A Paraíso do Tuiuti contou a história de resistência do Almirante Negro, João Cândido, na Revolta da Chibata. A Portela recriou a história ficcional de Luisa Mahin, líder da Revolta dos Malês, com o enredo “Um defeito de cor”. A Salgueiro ensinou sobre a riqueza da cultura Yanomami com o enredo “Hutukara”, enquanto a Vila Isabel explorou a pureza das crianças na cultura yorubá com o enredo “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”.
Esses são apenas alguns exemplos das lições valiosas transmitidas pelos desfiles de Carnaval, o evento se revela como uma verdadeira escola de história, cultura e resistência.