Carol Berto atua como mentora em posicionamento, stylist e comunicadora. Com uma trajetória empreendedora que ultrapassa duas décadas, consolidou uma marca forte e reconhecível, fundamentada na estética preta, na estratégia de comunicação e na representatividade. Seu foco está voltado para grupos sociais que se encontram à margem dos padrões hegemônicos.

Graduada em Moda e atualmente pós-graduanda em Posicionamento, Marca Pessoal e Imagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-PR), Carol desenvolveu uma abordagem autoral que articula linguagem precisa, escuta estratégica e repertório cultural amplo. Seu objetivo é contribuir para a construção de presenças comunicativas que vão além do alcance digital, promovendo reconhecimento, autoridade e liberdade de expressão.
Sua atuação abrange mentorias voltadas para especialistas e empreendedores que almejam comunicar-se com coragem e consistência. Além disso, oferece palestras e aulas sobre temas como comunicação autêntica, branding pessoal e imagem com identidade – tópicos que aborda com profundidade e uma perspectiva crítica e socialmente engajada.
O trabalho de Carol Berto tem se destacado como referência entre aqueles que buscam alternativas às fórmulas tradicionais. Sua atuação provoca reflexões, questionamentos e reposicionamentos significativos. É cofundadora da comunidade DELAS, voltada para mulheres que desejam desenvolver uma comunicação estratégica. Seus bordões, “A AUTENTICIDADE É MAGNÉTICA” e “ACREDITE NO SEU AXÉ”, traduzem os valores que sustentam sua prática profissional.
Sua marca se caracteriza como viva, politizada, preta e sem filtro. É direcionada àqueles que recusam categorizações limitantes e não se conformam com o papel de simples vitrine.
Conversamos com Carol para entender melhor sua visão sobre autenticidade, estética e comunicação estratégica.

1. Sua marca mistura estética preta, estratégia e representatividade. Como você equilibra esses três pilares no processo com cada cliente?
O ponto de partida é sempre a história da pessoa. Não adianta falar de estética preta se a cliente não entende sua relação com a negritude, por exemplo. E eu também não atendo só pessoas pretas. Mas, na maioria das vezes, minhas clientes já chegam até mim porque eu me posiciono assim: como uma mulher preta, com uma comunicação direta, estética com identidade e crítica social. Eu me coloco para que meu público me encontre.
Eu faço esse equilíbrio na escuta. Antes de propor imagem ou posicionamento, preciso entender como essa pessoa se enxerga. A estética preta que me interessa é a que comunica presença e memória, não a que vira tendência.
A representatividade precisa vir com consciência. E a estratégia só funciona quando está a serviço de algo verdadeiro. Meu trabalho é conectar tudo isso com intenção.
2. A autenticidade é um dos seus bordões. Como identificar quando a autenticidade está presente e quando ela é apenas uma performance de engajamento?
A performance de engajamento costuma repetir fórmulas, frases prontas, lacração sem responsabilidade. A autenticidade real não tem resposta fácil. Ela te expõe, mas também te sustenta. Ela não é sobre agradar, é sobre bancar.
O que eu incentivo é a comunicação com coragem. E isso inclui saber o que dizer, mas também o que não dizer e o que ainda não está pronto para ser falado. Autenticidade não é sobre exposição desnecessária, mas sobre entender o que de você pode e deve ser apresentado com intenção. É uma construção com base, repertório e escolha.
Eu costumo dizer que autenticidade é sustentável. E é justamente isso que nos ajuda a identificar quando ela é real: ela se sustenta com o tempo, com coerência, mesmo fora do hype.
3. O que te motivou a criar a comunidade DELAS, e como esse espaço tem impactado a trajetória de outras mulheres?
Eu gosto muito de contar essa história.
Quando comecei a trabalhar com Consultoria de Imagem e Estilo Pessoal, em 2017, eu tinha duas grandes referências: a Thais Farage e a Ana Tinoco. Eu acompanhava as duas todos os dias. O tempo passou, o trabalho cresceu e eu fui acompanhando com menos frequência, por falta de tempo mesmo. Até que, em 2024, depois de um tempo sem ver conteúdos da Ana, comentei em um look dela e ela respondeu algo como “que honra!”.
E eu pensei: vou contar que ela foi minha referência lá no começo. E contei.
A partir disso, começamos a trocar mais mensagens, até que ela me convidou para falar numa outra comunidade da qual ela é sócia. E adivinha quem fundou essa comunidade? Thais Farage. Minhas duas referências, juntas. Elas nem se conheciam em 2017, mas em algum momento se encontraram, começaram a trabalhar juntas e a Ana herdou um projeto da própria Thais.
Logo depois, a Ana me convidou para fundar uma nova comunidade com ela. E assim nasceu a DELAS, que, até onde sabemos, é a primeira comunidade online de Marca Pessoal e Posicionamento voltada exclusivamente para mulheres.
Somos um bebê ainda, só temos seis meses de vida. Mas nossa missão é clara: impactar mulheres que já se movimentam, mas que precisam cuidar da sua comunicação e da sua marca pessoal para crescer, ganhar dinheiro de verdade e ocupar os espaços que são seus por direito.
4. Quais os principais erros que você observa em especialistas ou empreendedores que tentam se posicionar sozinhos nas redes?
O maior erro, na minha opinião, é ser genérico. Falar com todo mundo, não ter um público-alvo, não ouvir sua comunidade, que está ali o tempo todo dando sinais importantes. Quem quer falar para todo mundo, acaba não sendo ouvido por ninguém.
Outro erro comum é focar só no visual (paleta, feed bonito) sem ter clareza de posicionamento – e o contrário também: focar só no conteúdo e abandonar a imagem, a presença, a estética como ferramenta de narrativa. Um terceiro erro é copiar fórmulas prontas que funcionaram para outros, sem considerar suas próprias potências, sem pensar: “qual é o meu diferencial aqui?”
O resultado é uma comunicação engessada, confusa ou insegura. Posicionamento não é só sobre o que você pensa. É também sobre o que você já viveu, estudou, sentiu e foi. É sobre você e sobre o seu repertório. De forma aleatória, você até caminha. Mas com estratégia, você cresce.