Nos corredores dos locais de poder, onde as decisões mais importantes são tomadas e os destinos traçados, a presença de mulheres negras, infelizmente, ainda é uma raridade.
Embora a sociedade tenha progredido em muitos aspectos, a representatividade ainda é uma batalha em andamento. Para as jovens negras, a falta de modelos que as inspiram é uma realidade dolorosa. Foi assim comigo, há 40 anos, e ainda é para as jovens da atualidade.
O exemplo concreto eu vivo. São incontáveis os eventos em que eu era a única mulher negra presente no debate (muitas vezes, a única mulher). Na Câmara Legislativa do Distrito Federal, sou a única mulher negra da atual legislatura. Entre 24 deputados, somos apenas 4 mulheres.
Nós, mulheres negras precisamos estar nos conselhos de administração, nos parlamentos, nas salas de reuniões das corporações. A ausência é evidente, e as razões são complexas. Desde as barreiras estruturais até os estereótipos arraigados, as jovens negras enfrentam uma jornada íngreme para conquistar seu lugar nos espaços de poder.
As oportunidades muitas vezes são escassas e, quando existem, enfrentam-se obstáculos que dificultam o avanço. Os modelos de liderança frequentemente retratados na mídia e na cultura popular tendem a excluir as narrativas das jovens negras, perpetuando a ideia de que elas não pertencem aos lugares de liderança.
A falta de diversidade nos locais de poder não é apenas uma questão de representatividade, mas também uma perda para a sociedade como um todo. Quando diferentes perspectivas não são consideradas, as decisões tendem a ser unilaterais e desconectadas da realidade multifacetada em que vivemos.
A inclusão de jovens negras nos espaços de poder não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma necessidade para construir um futuro verdadeiramente equitativo e sustentável.
Para reverter essa tendência, é essencial análises que abordem não apenas as barreiras externas, mas também os desafios internos enfrentados pelas jovens negras. Isso inclui o fortalecimento da autoconfiança e a implementação de políticas de inclusão que promovam a diversidade em todos os níveis.
Enquanto comunidade, devemos nos comprometer a criar um ambiente onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. Só então podemos começar a construir um futuro onde as jovens negras possam não apenas se ver nos locais de poder, mas também se destacar como líderes inspiradoras e agentes de mudança.
Nessa jornada de busca por inspiração, alcancei um espaço almejado por muitas de nós e hoje me sinto espelho para tantas crianças e jovens negras.
Com muito carinho e responsabilidade busco refletir para elas a esperança, os desafios e a perseverança para um caminho de muito sucesso.
Tem dado certo e me orgulho de poder transformar os espaços ao meu redor de uma forma humanizada e igualitária.
Sigamos!