Fechar menu
  • Quem Somos
  • Coluna
  • Tendência
  • Cultura
  • Moda
  • Comportamento
  • Matérias
  • Notícias
  • Desfile
  • Casting
What's Hot

MODELO JUNIOR SÁ, DA AGÊNCIA 3 MODELS, QUE COMEÇOU NO DESFILE BELEZA NEGRA, RETORNA AO BRASIL APÓS 6 ANOS NO EXTERIOR

23 de maio de 2025

TATIANA TIBURCIO DESTACA IMPORTÂNCIA DE RESSIGNIFICAR IMAGINÁRIOS COLETIVOS

17 de maio de 2025

EXPOSIÇÃO: BRASIL ÁFRICA – CORES QUE INTERAGEM

16 de maio de 2025
Facebook Instagram
Revista DBN
  • Quem Somos
  • Coluna
  • Tendência
  • Cultura
  • Moda
  • Comportamento
  • Matérias
  • Notícias
  • Desfile
  • Casting
Revista DBN
Início » INGRIDE CRUZ E O AFROCENTRAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA
Comportamento

INGRIDE CRUZ E O AFROCENTRAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA

Dai SchmidtPor Dai Schmidt24 de março de 20246 Minutos de Leitura
Facebook Twitter WhatsApp
@ingridecruzpsi
Facebook Twitter Email WhatsApp

Ingride Cruz, psicóloga clínica afrocentrada, oferece seus serviços no consultório, onde atende crianças, adolescentes e adultos. Sua abordagem combina Terapia Cognitivo-Comportamental com especialização em Avaliação Psicológica. Além disso, Ingride é integrante da Comissão de Raça e Povos, seu compromisso com a diversidade e a inclusão.

Inspirada por sua experiência e compromisso, Ingride idealizou dois projetos clínicos inovadores: Afro Suporte e Suporte LGBTQIA+. Estes projetos têm como objetivo descentralizar o acesso à clínica psicológica, gerando um ambiente acolhedor e inclusivo para pessoas negras, indígenas e/ou LGBTQIAPN+. Essas iniciativas reafirmam o compromisso com a saúde mental e o bem-estar da comunidade, fornecendo cuidados psicológicos sensíveis às suas necessidades específicas.

1. Como você vê a importância da descentralização do acesso à clínica psicológica para pessoas negras, indígenas e/ou LGBTQIAPN+?

Precisamos nos lembrar de dois fatores importantes a respeito do acesso à clínica ou acompanhamento psicológico, primeiro que o racismo opera de uma maneira excludente, violenta psicologicamente, invisibilizando, subalternizando e inferiorizando o sujeito. Lidar com uma parcela da população que pode estar inserida em situação de desigualdade socioeconômicas e injustiças sociais, significa lidar com sujeitos que não tem acesso à saúde, educação e moradia de qualidade, o que por si já gera adoecimento, e interfere na promoção de saúde mental dessa população. Segundo que o acesso a promoção de saúde mental particular, no nosso país é um reflexo do processo de elitização. E quem pode pagar essa conta? Lucas Veiga, Psicólogo, escritor e pesquisador, que propõe a Psicologia preta, expressa em um de seus escritos o pensamento de que “conseguir ouvir o paciente implica conseguir ouvir o sintoma que o adoece, ouvir o sintoma para ouvir o mundo que o produz”, mas como os profissionais de saúde mental colocarão isso em prática, se o grupo hegemônico é que tem acesso a promoção de saúde mental? A importância de descentralizar o acesso à clínica, se estabelece nesse espaço, onde é necessário produzir esse encontro dialético para que outras narrativas sejam construídas a respeito desses sujeitos.

2. Quais são os principais desafios enfrentados por esses grupos quando se trata de buscar apoio psicológico?

Eu acredito que o maior déficit ainda está na nossa formação acadêmica. Não conheço a grade curricular de todas as faculdades e universidades no Brasil, e acredito que já houve avanços relevantes na formação acadêmica de psicólogos de 2016 para hoje. Porém, a formação de profissionais da saúde mental se baseia em narrar e reproduzir, prioritariamente, conhecimentos, conquistas e dados tendo em vista apenas um modelo universal, o modelo eurocentrado, o que tende a um apagamento sistemático de outras experiências e conhecimentos humanos. Esse é um processo de colonização do nosso saber, mas também é mais um dos tentáculos do racismo, dessa vez o racismo Institucional. Ou seja, há a possibilidade de que os profissionais de saúde revitimizarem o sujeito, atuando com discriminação diante de alguns grupos, afetando o acolhimento, a escuta, o cuidado e, consequentemente, o tratamento. Talvez a busca dessas pessoas por profissionais que os representem socialmente, seja a busca também por aliados comprometidos com o fortalecimento de suas potencialidades.

3. Quais são algumas das estratégias ou abordagens específicas que você utiliza para atender às necessidades dessas comunidades de forma mais eficaz?

Considero a Terapia Cognitivo Comportamental uma abordagem com muitas ferramentas na elaboração das estratégias necessárias para essa parcela da população, suas demandas sociais e identitárias, isso porque promove um processo participativo e inclusivo no tratamento. Além do espaço promovido pelas demandas para promover e investir no repertório emocional, letramento racial, de classe e gênero, com a finalidade de ampliar a visão do sujeito, questionar os silêncios, reconhecer as demandas sociais, políticas e culturais trazidas, e contribuir para o suporte funcional de auto conceito desse sujeito em interação com um mundo que tende a lhe gerar constantes conflitos.

4. Em sua opinião, como a autoestima pode ser impactada pela identidade racial, de gênero e orientação sexual, e quais são algumas dicas práticas para fortalecer a autoestima dentro dessas comunidades?

Neusa Santos Souza, afirma em seu livro Tornar-se negro, que “saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências, compelida a expectativas alienadas…”. A sociedade nos impõe uma experiencia social e cultural que se fundamenta em violências estruturais de gênero, de etnia, de raça, de expressão de gênero, orientação sexual e de classe, por meio da negação de nossa subjetividade, fomento do medo, vergonha, culpa, auto ódio, depreciação do desejo sexual, entre outras opressões que operam de modo aniquilador sobre nossos corpos, e isto tem efeitos danosos sobre nossas subjetividades, nosso modo de ser, de sentir, perceber e pertencer ao mundo. Ou seja, afeta diretamente a nossa autoestima. É necessário pensar o resgate de nossa história e existência em diáspora, e/ou corpos que divergem, como um dispositivo para potencializar nossas ações e investir em um senso de valor próprio, a recriação de nossas potencialidades, o empoderamento, a construção de uma narrativa positiva a nosso respeito, a concepção de uma relação saudável com nossos corpos, com as pessoas semelhantes a nós e com nossa fé. De forma prática, isso significa, que é necessário recuperar a sua autonomia, investir em seu repertório emocional, reconhecer os processos e efeitos psicossociais do racismo na saúde mental, literalmente nomear o racismo e a discriminação, desenvolver consciência critica, se aquilombar e se rodear de referenciais positivos.

5. Qual é a importância do apoio da Comissão de Raça e Povos na implementação e sucesso desses projetos?

Participar da Comissão foi um desejo que surgiu após a implementação dos projetos, porém, a participação me colocou em contato com profissionais que também estavam se movimentando em direção a uma atuação antirracista, e poder trocar com essas pessoas tem sido uma experiência acadêmica e profissionalmente. A psicologia, como ciência e profissão, não pode se eximir de sua responsabilidade de enfrentar o racismo estrutural e do sofrimento e adoecimento que ele provoca. Dentro desta importante temática a Comissão de Raça e Povos é o espaço onde o CRP-DF promove discussões diversas no campo da Psicologia e das relações raciais. As reuniões atendem a demandas voltadas à troca de saberes, ao protagonismo negro, e à elaboração de eventos em datas especiais para o movimento e luta negra na profissão.

6. Quais são seus objetivos futuros para esses projetos e como você espera expandir seu alcance e impacto?

Falar sobre o futuro é sempre um desafio, minha atuação até o momento tem ocorrido de maneira autônoma, e ainda assim já perdi as contas de quantas pessoas foram contempladas pelos projetos nesses seis anos. Porém, ainda quero que ele chegue a outras pessoas, e seja reproduzido por outros profissionais, desejo investir nesse quilombo afetivo e vê-lo crescer um pouco mais, investir na continuidade da minha formação acadêmica. Por enquanto, são ambições simplistas, mas sigo otimistas no potencial dos projetos, em mim, na Psicologia e em políticas públicas que a longo prazo promovam ainda mais saúde e qualidade de vida as populações vulneráveis. Parafraseando o Psicólogo Lucas Veiga, precisamos ter em mente que “o nosso adoecimento psíquico não é de ordem da intimidade, ele é político”.

Artigo Anterior“ANGÚ”: EXPLORANDO A COMPLEXIDADE DA IDENTIDADE E LIBERDADE
Próximo artigo DESAFIOS DA MULHER NEGRA NA ASCENSÃO PROFISSIONAL 
Dai Schmidt
Dai Schmidt

Related Posts

ENTRE O AMOR NEGADO E O SILÊNCIO IMPOSTO: A SOLIDÃO DA POPULAÇÃO NEGRA

O PESO DE TER QUE PROVAR SEMPRE MAIS

MANCHAS NA PELE NEGRA: COMO CUIDAR E REALÇAR SUA BELEZA NATURAL

A NUTRIÇÃO E A SAÚDE DOS CABELOS AFRO: DICAS DA NUTRICIONISTA ÉRICA CRUZ

Deixe uma resposta Cancelar resposta

PARCEIROS
Siga-nos
  • Facebook
  • Instagram
Não Perca
Notícias

MODELO JUNIOR SÁ, DA AGÊNCIA 3 MODELS, QUE COMEÇOU NO DESFILE BELEZA NEGRA, RETORNA AO BRASIL APÓS 6 ANOS NO EXTERIOR

Por revistadbn.com.br23 de maio de 2025

Júnior Sá, modelo internacional há quase seis anos, está de volta ao Brasil após uma…

TATIANA TIBURCIO DESTACA IMPORTÂNCIA DE RESSIGNIFICAR IMAGINÁRIOS COLETIVOS

17 de maio de 2025

EXPOSIÇÃO: BRASIL ÁFRICA – CORES QUE INTERAGEM

16 de maio de 2025

CONHEÇA SYLVANOS: IMIGRANTE AFRICANO DESPONTA COMO MODELO NO BRASIL!

14 de maio de 2025
Facebook Instagram
© 2025 Revista DBN

Digite acima e pressione Enter para pesquisar. Pressione Esc para cancelar.