O BÁSICO QUE SEMPRE FUNCIONA
Nos últimos anos, o debate sobre poder, identidade racial e resistência tem ganhado destaque nas ciências sociais, especialmente no que diz respeito às experiências dos homens negros que desafiam os padrões sociais e buscam crescimento. Neste artigo, propomos uma análise dessas dinâmicas complexas, utilizando as teorias de Achille Mbembe, Frantz Fanon, Neusa Santos como lente para compreender a operação do poder nos corpos desses homens.
Mbembe introduziu o conceito de necropolítica, descrevendo o controle estatal sobre a vida e a morte dos cidadãos. No contexto dos homens pretos que desafiam paradigmas, a necropolítica se manifesta através de práticas como a brutalidade policial, o encarceramento em massa e a privação de acesso a recursos básicos. Essas formas de violência não apenas os subjugam, mas também os mantêm em um estado de vulnerabilidade constante, sujeitos a mortes prematuras e à marginalização social.
Os corpos dos homens pretos são frequentemente racializados e transformados em alvos do poder estatal e social. Estereótipos arraigados e preconceitos baseados na raça moldam suas experiências e oportunidades, mesmo quando alcançam o tão sonhado sucesso social. A percepção de periculosidade associada aos corpos pretos cria barreiras adicionais, limitando oportunidades, educação e mobilidade social.
Apesar das forças opressivas que operam sobre eles, os homens pretos frequentemente recorrem a estratégias de resistência e subversão para enfrentar as estruturas de poder. A resistência política e cultural, falando de ancestralidade, desempenha também um papel fundamental na luta contra a necropolítica e na reafirmação da humanidade e dignidade dos corpos pretos. Movimentos de casas de candomblé, por exemplo, e da espiritualidade negra, entre outras formas de ativismo, são exemplos poderosos contra essa força.
Ao analisarmos as teorias em conjunto, com a noção de subjetividade no poder, conforme discutida por diversos teóricos, percebemos que as experiências dos homens pretos que desafiam paradigmas são moldadas não apenas por estruturas objetivas de opressão, mas também por processos subjetivos de internalização.
Fanon, em suas obras, examina profundamente como a opressão racial afeta a psique dos indivíduos, levando à internalização de estereótipos e à formação de identidades colonizadas. Por sua vez, Neusa Santos oferece uma perspectiva, destacando como a interseccionalidade entre raça, gênero e classe influencia a experiência dos homens pretos na sociedade.
Assim, ao considerar a subjetividade no poder, compreendemos que as dinâmicas de poder nos corpos dos homens pretos são internalizadas, moldando suas percepções de si e do mundo ao seu redor.
Em conclusão, a análise das dinâmicas de poder nos corpos dos homens pretos destaca tanto as formas de opressão quanto às estratégias de resistência em resposta a essas opressões. Reconhecer essas dinâmicas é crucial para a construção de um futuro onde todos os corpos sejam livres de violência, marginalização e discriminação baseada na raça.