A edição N59 da São Paulo Fashion Week foi mais do que uma celebração histórica, foi um manifesto vivo da pluralidade da moda brasileira. De 6 a 11 de abril de 2025, a maior semana de moda da América Latina ocupou espaços icônicos da capital paulista, como o Pavilhão das Culturas Brasileiras, a Estação Júlio Prestes, o Estádio do Pacaembu e até o Shopping Iguatemi. Mas o que realmente marcou essa edição foi a presença e o protagonismo de criadores e modelos negros que reafirmaram a urgência de uma moda mais diversa, potente e politizada.
Dendezeiro e a força da ancestralidade
A Dendezeiro, comandada por Hisan Silva e Pedro Batalha, mais uma vez entregou um desfile arrebatador que reverenciou a herança afro-brasileira com olhar contemporâneo. A marca baiana levou à passarela um elenco majoritariamente negro, com casting potente e plural, apresentando uma coleção que misturava alfaiataria desconstruída, texturas naturais e cores terrosas. O desfile foi acompanhado por música ao vivo, criando uma atmosfera ritualística que emocionou o público.

SPFW N59
Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

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Foto: Ze Takahashi/@agfotosite

SPFW N59
Foto: Ze Takahashi/@agfotosite
LED: manifesto queer-preto e tropical
O mineiro Célio Dias, à frente da LED, apresentou um desfile que foi um grito de liberdade e afirmação. Com styling vibrante, tecidos tecnológicos e peças que dialogam com o streetwear e o universo clubber, a coleção celebrou corpos dissidentes e contou com modelos negros e LGBTQIAPN+ em destaque. Entre eles, a modelo e performer Rosa Luz brilhou em um look futurista, simbolizando resistência e inovação.



João Pimenta: moda masculina em transição
João Pimenta mostrou, mais uma vez, porque é um dos nomes mais respeitados da moda brasileira. O estilista trouxe um desfile na Estação Júlio Prestes acompanhado pelo piano do músico Jonathan Ferr, reforçando o elo entre moda e arte. A coleção, de inspiração andrógina, foi protagonizada por modelos negros em trajes que desafiavam a rigidez de gênero com leveza, elegância e crítica sutil.

– SPFW N59
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Entre os estreantes, o jovem estilista Leandro Castro chamou atenção com uma coleção que dialogava com a estética afrofuturista, misturando tecidos metalizados e grafismos inspirados em símbolos de resistência africana. Seu desfile no Parque Ibirapuera foi encerrado com uma performance de dança afro-brasileira que iniciou aplausos de pé.



A SPFW N59 foi uma celebração dos 30 anos da semana de moda com olhar no futuro. Um futuro mais inclusivo, mais plural e conectado com as raízes culturais do país. A força da negritude esteve presente não só nas passarelas, mas no coração do que significa fazer moda no Brasil.