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AS JOIAS CRIOULAS

EDSON DE SOUZAPor EDSON DE SOUZA12 de outubro de 20245 Minutos de Leitura
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Colunista @edblacc
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As joias de crioulas, também conhecidas como joalheria escrava ou joalheria crioula, são um conjunto de joias confeccionadas entre os séculos XVIII e XIX no Brasil, especialmente na Bahia. Essas joias eram utilizadas exclusivamente por mulheres negras, sejam elas escravizadas, alforriadas ou libertas.

Essas peças eram produzidas com técnicas e influências estilísticas variadas e se apresentavam normalmente na forma de colares, pulseiras, argolas, brincos, anéis ou balangandãs. As joias de crioulas representavam mais do que simples adornos, elas tinham um profundo significado cultural e social; eram símbolos de poder, classe, raça, gênero, cultura e crença religiosa,  representavam identidade, resistência e status social para as mulheres negras no Brasil colonial e imperial.

As joias eram uma forma de expressão cultural e resistência contra a opressão. Elas permitiam que as mulheres negras afirmassem sua identidade e cultura africana em um contexto de escravidão e discriminação. Para as mulheres alforriadas ou libertas, as joias eram um símbolo de status e prosperidade. Possuir e exibir essas joias indicava uma posição social mais elevada e uma certa independência econômica. Muitas dessas joias tinham significados religiosos e eram usadas em cerimônias e rituais afro-brasileiros. Os balangandãs, por exemplo, eram amuletos que representavam proteção e conexão com os orixás. As joias eram frequentemente passadas de geração em geração, mantendo vivas as tradições e histórias familiares. Essas joias, portanto, eram carregadas de simbolismo e desempenhavam um papel crucial na vida das mulheres negras, ajudando a preservar e celebrar sua herança cultural.

As joias de crioulas eram confeccionadas com uma variedade de materiais, refletindo tanto a riqueza quanto a criatividade das artesãs da época. Entre os materiais mais comuns estavam metais preciosos como ouro e prata, que eram amplamente utilizados, especialmente em peças mais elaboradas e de maior valor. Também eram ornadas com pedras preciosas e semipreciosas e materiais naturais como madeira, dentes de animais, e fibras naturais, além de elementos decorativos como moedas, figas, chaves, romãs, cachos de uvas e peixes eram alguns dos elementos decorativos pendentes mais comuns. Esses materiais não só conferiam beleza às joias, mas também carregavam significados culturais e religiosos profundos.

O processo de confecção das joias de crioulas era bastante elaborado e envolvia várias etapas, refletindo a habilidade e a criatividade das artesãs da época. As artesãs escolhiam cuidadosamente os materiais, e o metal era fundido e moldado em formas básicas. As técnicas de fundição eram muitas vezes trazidas da África, onde os artesãos já tinham uma longa tradição de trabalho com metais. Após a modelagem, as peças eram gravadas e ornamentadas com desenhos detalhados. Isso podia incluir a inserção de pedras preciosas ou a adição de elementos decorativos como figas, chaves e outros amuletos. Finalmente, as joias eram polidas e finalizadas para garantir que tivessem um brilho e uma aparência impecáveis.

Essas técnicas não só resultavam em peças belas e duráveis, mas também carregavam significados culturais e religiosos profundos, tornando cada joia única e especial.

As mulheres negras adquiriam as joias de crioulas de várias maneiras, dependendo de suas circunstâncias e recursos disponíveis. Muitas mulheres negras, especialmente as “negras de ganho”, trabalhavam vendendo produtos ou serviços nas ruas e mercados. Elas conseguiam economizar parte dos lucros para comprar joias. Essas joias não só embelezavam, mas também funcionavam como uma forma de poupança e investimento. Algumas mulheres encomendavam joias diretamente aos ourives, utilizando materiais como ouro de baixo quilate, prata, coral e pedras locais. Isso permitia que elas tivessem peças personalizadas e significativas. As joias também podiam ser recebidas como presentes ou herdadas de familiares. Isso era comum entre mulheres alforriadas ou libertas, que passavam as joias de geração em geração. Em alguns casos, as mulheres escravizadas que trabalhavam em casas ricas eram adornadas por seus próprios senhores. Elas usavam essas joias quando acompanhavam suas senhoras ou crianças em público, servindo como um símbolo de ostentação do dono.

A vida das mulheres negras que utilizavam as joias de crioulas variava bastante, dependendo de sua condição de  escravizadas, alforriadas ou libertas. Muitas mulheres negras escravizadas trabalhavam como “negras de ganho”, vendendo produtos ou serviços nas ruas e mercados. Elas podiam acumular dinheiro suficiente para comprar sua própria alforria ou a de seus familiares. As mulheres que conseguiam a alforria frequentemente usavam joias de crioulas como um símbolo de seu novo status social. Essas joias representavam sua independência e capacidade de acumular riqueza, algo que era extremamente significativo em uma sociedade que ainda as via como inferiores.

As senhoras de engenho frequentemente se incomodavam com as vestimentas e joias usadas pelas mulheres negras, especialmente aquelas que eram alforriadas ou libertas. Essas mulheres, ao exibirem suas joias e roupas elegantes, desafiavam as normas sociais e hierarquias raciais da época. Porém, não havia uma proibição formal e generalizada que impedisse as mulheres negras de usarem joias e adornos. No entanto, a sociedade elitista e escravista da época impunha diversas barreiras sociais e culturais que dificultavam o acesso dessas mulheres a certos privilégios, incluindo o uso de joias, havia uma pressão social para que as mulheres negras se conformassem a certos padrões de comportamento e aparência. .

Apesar dessas adversidades, muitas mulheres negras, especialmente as alforriadas e libertas, conseguiam adquirir e usar joias como símbolo de status e resistência. Elas frequentemente chocavam a sociedade ao exibirem suas joias e roupas de seda, desafiando as normas sociais vigentes.

Além disso, algumas mulheres negras trabalhavam como ourives ou aprendizes de ourives, o que lhes permitia confeccionar suas próprias joias, incorporando elementos culturais africanos e europeus

 

 

Referências:

WHITEMAN, Vivian . Escravas foram pioneiras da joalheria local. Folha de São paulo, 12011. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2910201115.htm. Acesso em: 07 out. 2024.

CHASE, Wanda. As empreendedoras negras do Brasil Colonial. IBAHIA, 2024. Disponível em: https://www.ibahia.com/colunistas/oprai-wanda-chase/as-empreendedoras-negras-do-brasil-colonial-320634. Acesso em: 07 out. 2024.

DESTRI , Carla. O que eram as “joias de crioula: HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA BRASILEIRA. Carla Destri – Joias, 2022. Disponível em: https://www.carladestri.com.br/2022/01/o-que-eram-as-joias-de-crioula.html. Acesso em: 07 out. 2024.

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EDSON DE SOUZA
EDSON DE SOUZA

Ed é um desenhista, escritor, candomblecista e criador de universos e histórias. Sua paixão pelas artes visuais floresceu na infância e, sendo autodidata, desenvolveu traços expressivos inspirados nas comics americanas, representando personagens negros que raramente encontrava na cultura pop. Da arte visual à escrita, o percurso foi natural; as histórias clamavam por serem contadas. As palavras tornaram-se a chave para explorar o inexplorado em si mesmo. Ed criou contos, escreveu um livro, produziu quadrinhos e fanzines, compôs poemas, deixou sua marca em muros com grafites, e também apresentou programas em rádios clandestinas. E em sua jornada, entregou o coração a uma preta escorpiana. Ed de Souza é Graduado em Ciências Sociais, com especialização em Estudos Afro-Brasileiros e Estudos das Cidades, é um crítico da sociabilidade contemporânea, argumentando que todos os caminhos apontam para Alkebulan (África). Para Ed, é essencial mergulhar nas raízes ancestrais, porque o futuro é intrinsecamente ligado ao passado. Sua citação favorita, de Marimba Ani, ressoa profundamente em sua filosofia: "Sua cultura é o seu sistema imunológico."

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