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Início » INGRIDE CRUZ E O AFROCENTRAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA
Comportamento

INGRIDE CRUZ E O AFROCENTRAMENTO NA PSICOLOGIA CLÍNICA

Dai SchmidtPor Dai Schmidt24 de março de 20246 Minutos de Leitura
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@ingridecruzpsi
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Ingride Cruz, psicóloga clínica afrocentrada, oferece seus serviços no consultório, onde atende crianças, adolescentes e adultos. Sua abordagem combina Terapia Cognitivo-Comportamental com especialização em Avaliação Psicológica. Além disso, Ingride é integrante da Comissão de Raça e Povos, seu compromisso com a diversidade e a inclusão.

Inspirada por sua experiência e compromisso, Ingride idealizou dois projetos clínicos inovadores: Afro Suporte e Suporte LGBTQIA+. Estes projetos têm como objetivo descentralizar o acesso à clínica psicológica, gerando um ambiente acolhedor e inclusivo para pessoas negras, indígenas e/ou LGBTQIAPN+. Essas iniciativas reafirmam o compromisso com a saúde mental e o bem-estar da comunidade, fornecendo cuidados psicológicos sensíveis às suas necessidades específicas.

1. Como você vê a importância da descentralização do acesso à clínica psicológica para pessoas negras, indígenas e/ou LGBTQIAPN+?

Precisamos nos lembrar de dois fatores importantes a respeito do acesso à clínica ou acompanhamento psicológico, primeiro que o racismo opera de uma maneira excludente, violenta psicologicamente, invisibilizando, subalternizando e inferiorizando o sujeito. Lidar com uma parcela da população que pode estar inserida em situação de desigualdade socioeconômicas e injustiças sociais, significa lidar com sujeitos que não tem acesso à saúde, educação e moradia de qualidade, o que por si já gera adoecimento, e interfere na promoção de saúde mental dessa população. Segundo que o acesso a promoção de saúde mental particular, no nosso país é um reflexo do processo de elitização. E quem pode pagar essa conta? Lucas Veiga, Psicólogo, escritor e pesquisador, que propõe a Psicologia preta, expressa em um de seus escritos o pensamento de que “conseguir ouvir o paciente implica conseguir ouvir o sintoma que o adoece, ouvir o sintoma para ouvir o mundo que o produz”, mas como os profissionais de saúde mental colocarão isso em prática, se o grupo hegemônico é que tem acesso a promoção de saúde mental? A importância de descentralizar o acesso à clínica, se estabelece nesse espaço, onde é necessário produzir esse encontro dialético para que outras narrativas sejam construídas a respeito desses sujeitos.

2. Quais são os principais desafios enfrentados por esses grupos quando se trata de buscar apoio psicológico?

Eu acredito que o maior déficit ainda está na nossa formação acadêmica. Não conheço a grade curricular de todas as faculdades e universidades no Brasil, e acredito que já houve avanços relevantes na formação acadêmica de psicólogos de 2016 para hoje. Porém, a formação de profissionais da saúde mental se baseia em narrar e reproduzir, prioritariamente, conhecimentos, conquistas e dados tendo em vista apenas um modelo universal, o modelo eurocentrado, o que tende a um apagamento sistemático de outras experiências e conhecimentos humanos. Esse é um processo de colonização do nosso saber, mas também é mais um dos tentáculos do racismo, dessa vez o racismo Institucional. Ou seja, há a possibilidade de que os profissionais de saúde revitimizarem o sujeito, atuando com discriminação diante de alguns grupos, afetando o acolhimento, a escuta, o cuidado e, consequentemente, o tratamento. Talvez a busca dessas pessoas por profissionais que os representem socialmente, seja a busca também por aliados comprometidos com o fortalecimento de suas potencialidades.

3. Quais são algumas das estratégias ou abordagens específicas que você utiliza para atender às necessidades dessas comunidades de forma mais eficaz?

Considero a Terapia Cognitivo Comportamental uma abordagem com muitas ferramentas na elaboração das estratégias necessárias para essa parcela da população, suas demandas sociais e identitárias, isso porque promove um processo participativo e inclusivo no tratamento. Além do espaço promovido pelas demandas para promover e investir no repertório emocional, letramento racial, de classe e gênero, com a finalidade de ampliar a visão do sujeito, questionar os silêncios, reconhecer as demandas sociais, políticas e culturais trazidas, e contribuir para o suporte funcional de auto conceito desse sujeito em interação com um mundo que tende a lhe gerar constantes conflitos.

4. Em sua opinião, como a autoestima pode ser impactada pela identidade racial, de gênero e orientação sexual, e quais são algumas dicas práticas para fortalecer a autoestima dentro dessas comunidades?

Neusa Santos Souza, afirma em seu livro Tornar-se negro, que “saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências, compelida a expectativas alienadas…”. A sociedade nos impõe uma experiencia social e cultural que se fundamenta em violências estruturais de gênero, de etnia, de raça, de expressão de gênero, orientação sexual e de classe, por meio da negação de nossa subjetividade, fomento do medo, vergonha, culpa, auto ódio, depreciação do desejo sexual, entre outras opressões que operam de modo aniquilador sobre nossos corpos, e isto tem efeitos danosos sobre nossas subjetividades, nosso modo de ser, de sentir, perceber e pertencer ao mundo. Ou seja, afeta diretamente a nossa autoestima. É necessário pensar o resgate de nossa história e existência em diáspora, e/ou corpos que divergem, como um dispositivo para potencializar nossas ações e investir em um senso de valor próprio, a recriação de nossas potencialidades, o empoderamento, a construção de uma narrativa positiva a nosso respeito, a concepção de uma relação saudável com nossos corpos, com as pessoas semelhantes a nós e com nossa fé. De forma prática, isso significa, que é necessário recuperar a sua autonomia, investir em seu repertório emocional, reconhecer os processos e efeitos psicossociais do racismo na saúde mental, literalmente nomear o racismo e a discriminação, desenvolver consciência critica, se aquilombar e se rodear de referenciais positivos.

5. Qual é a importância do apoio da Comissão de Raça e Povos na implementação e sucesso desses projetos?

Participar da Comissão foi um desejo que surgiu após a implementação dos projetos, porém, a participação me colocou em contato com profissionais que também estavam se movimentando em direção a uma atuação antirracista, e poder trocar com essas pessoas tem sido uma experiência acadêmica e profissionalmente. A psicologia, como ciência e profissão, não pode se eximir de sua responsabilidade de enfrentar o racismo estrutural e do sofrimento e adoecimento que ele provoca. Dentro desta importante temática a Comissão de Raça e Povos é o espaço onde o CRP-DF promove discussões diversas no campo da Psicologia e das relações raciais. As reuniões atendem a demandas voltadas à troca de saberes, ao protagonismo negro, e à elaboração de eventos em datas especiais para o movimento e luta negra na profissão.

6. Quais são seus objetivos futuros para esses projetos e como você espera expandir seu alcance e impacto?

Falar sobre o futuro é sempre um desafio, minha atuação até o momento tem ocorrido de maneira autônoma, e ainda assim já perdi as contas de quantas pessoas foram contempladas pelos projetos nesses seis anos. Porém, ainda quero que ele chegue a outras pessoas, e seja reproduzido por outros profissionais, desejo investir nesse quilombo afetivo e vê-lo crescer um pouco mais, investir na continuidade da minha formação acadêmica. Por enquanto, são ambições simplistas, mas sigo otimistas no potencial dos projetos, em mim, na Psicologia e em políticas públicas que a longo prazo promovam ainda mais saúde e qualidade de vida as populações vulneráveis. Parafraseando o Psicólogo Lucas Veiga, precisamos ter em mente que “o nosso adoecimento psíquico não é de ordem da intimidade, ele é político”.

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Dai Schmidt
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