A autoestima é algo essencial da saúde mental e emocional de qualquer pessoa. Entretanto, quando falamos sobre a autoestima negra, lidamos com alguns desafios que permeiam questões históricas, sociais e culturais. O racismo estrutural e a ausência de representatividade assertiva afetam de maneira significativa como muitas pessoas negras se percebem e se posicionam. Muitas pessoas negras em sua infância vivenciam experiências de rejeição e discriminação, na escola, espaços públicos e até mesmo dentro de casa.
Historicamente por um longo período a mídia priorizou os padrões estéticos eurocêntricos, distanciando corpos e belezas negras ao plano da invisibilidade e/ou estigmatização. O que pode gerar sentimentos de inadequação, dificultando a construção de uma autoestima saudável. Conhecer a história da diáspora africana e valorizar figuras negras ajuda a combater a tão enraizada narrativa eurocêntrica. O movimento Pan-africanismo e a luta por direitos civis fortalecem o senso de pertencimento e empoderamento, é preciso valorizar tais movimentos.
O consumo de conteúdos sejam livros, filmes ou músicas bem como exposição a personalidades negras em distintas áreas como ciência, arte e política que valorizam a negritude é essencial, voltar o olhar para novas referências amplia a noção de beleza e competência.
Ao valorizar as características naturais tais como cabelo crespo e os diferentes tons de pele é uma forma de se apossar de sua verdadeira identidade. Esse autocuidado também se reflete e é positivo quando se adota penteados e roupas que expressam a negritude de forma autêntica e empoderada. Um ponto importante é a construção de redes de apoio bem como a terapia que é um espaço seguro para trabalhar a autoestima, empoderamento dentre outras demandas. O cuidado com a autoestima negra é uma tarefa coletiva, a promoção da diversidade em diversos espaços, a garantia que essas pessoas possam ser ouvidas e levadas a sério faz toda diferença. Aumentar a autoestima negra é um processo incessante e essencial para que se construa uma sociedade justa e igualitária.
Dicas para autoestima
Reconheça a beleza em sua história:
Precisamos olhar para as nossas raízes, exaltar os feitos e as lutas das gerações passadas, isso é uma maneira poderosa de ver que a nossa presença no mundo é significante e poderosa.
Cultive a autocompaixão:
Ser gentil com nos mesmos faz toda diferença, ao praticarmos a autocompaixão reduzindo a autocrítica e mantendo uma visão mais equilibrada e compassiva de si, faz com que tenhamos uma autoestima mais saudável. Precisamos nos mostrar ao mundo sem medo ou vergonha.
Pratique o otimismo:
O otimismo nos permite ver as possibilidades e a nossa própria capacidade de enfrentar os desafios, ao invés de nos prendermos as falhas e ao pessimismo. Valorize e celebre as vitórias sejam elas grandes ou pequenas, cada conquista é uma prova da nossa capacidade e potencial, principalmente em uma sociedade que muitas vezes nos subestima.
Façam terapia:
O processo terapêutico se faz muito necessário para que possamos cada vez mais nos conhecermos, fortalecermos a nossa identidade, história, entender as nossas raízes e se empoderar de quem somos. Na terapia, é possível trabalhar o olhar crítico e depreciativo, pensamentos disfuncionais e crenças por uma visão mais amorosa, positiva de si e pensamentos mais funcionais.
Segundo o psicólogo Martin Seligman criador da psicologia positiva, o sujeito tende a apresentar baixa autoestima ao vivenciar adversidades, a uma responsabilização em excesso pelo que aconteceu, não reconhecendo as diversas variáveis que não são controladas por nós, que influencia o fato ocorrido.
É importante lembrar que o racismo é um problema da sociedade, não nosso, as críticas baseadas em nossa cor de pele é um problema social e não uma falha de nós mesmos, evite internalizar atitudes preconceituosas, sejam elas diretas ou indiretas, sempre que algo for dito de forma negativa, repita para si mesmo que essa visão é limitada e ultrapassada e diz mais sobre a outra pessoa do que a nos. Em situações em que alguém faz um comentário que seja ofensivo bem como preconceituoso, é possível responder de forma educada, mas com firmeza, demonstrando que não tolera tal atitude.
Como por exemplo: “Esse comentário não é aceitável para mim”, “Gostaria que você respeitasse quem eu sou” “Essa atitude é preconceituosa” respostas firmes e diretas ajudam a colocar limites e mostra que não vamos nos submeter a esses comentários. Ao investirmos em autoconhecimento, criamos uma proteção e resgatamos nossa identidade o que faz com que as críticas racistas não terão o poder de diminuir quem realmente nós somos.