A trajetória de modelos, atores e atrizes é marcada por desafios, expectativas e, inevitavelmente, rejeições. No universo dos castings, a palavra “não” é uma resposta frequente, muitas vezes dolorosa, mas também inerente a um mercado competitivo e exigente. Saber lidar com essa recusa de forma emocionalmente saudável é essencial para o desenvolvimento profissional e psicológico dos artistas.
Os processos seletivos em castings vão muito além da simples avaliação de talento. Critérios como perfil físico, adequação à proposta criativa, estilo da campanha e até tendências de mercado influenciam a decisão final de produtores, diretores de elenco e agências. Por isso, receber um “não” não significa, necessariamente, falta de competência ou potencial.

De acordo com o psicólogo clínico Guy Winch, especialista em saúde emocional e autor do livro Emotional First Aid (2013), a rejeição pode gerar impactos significativos na autoestima e no bem-estar psicológico. Winch explica que “a rejeição fere não apenas nossos sentimentos, mas também nossa autoimagem. Ela cria lacunas emocionais que precisam ser preenchidas com compreensão e cuidado psicológico para evitar impactos prolongados no bem-estar”. Essa análise reforça a importância de adotar estratégias conscientes para enfrentar esse tipo de situação.
Baseado nas orientações de Guy Winch, alguns passos podem ajudar modelos e artistas a enfrentar a rejeição de maneira mais resiliente:
Reconheça e valide suas emoções: Não ignore a frustração ou tente fingir que o “não” não afetou você. Sentir-se triste ou desapontado é natural. Validar esses sentimentos é o primeiro passo para processá-los adequadamente.
Evite a autocrítica excessiva: Uma das reações emocionais mais comuns após a rejeição é iniciar um ciclo de autodepreciação. Winch alerta para o risco desse comportamento. Em vez de pensar “não sou bom o suficiente”, reformule o pensamento para “essa vaga não era para mim, mas outras virão”.
Busque suporte emocional: Conversar com colegas de profissão, amigos ou até com um psicólogo pode ajudar a reequilibrar as emoções. A partilha de experiências reduz o sentimento de isolamento e reforça o senso de pertencimento ao meio artístico.
Reforce sua autoestima com ações positivas: Invista em atividades que fortaleçam sua autoconfiança, como participar de workshops, atualizar seu portfólio ou até mesmo praticar exercícios de expressão corporal e oratória.
Pratique o autoquestionamento produtivo: Em vez de ruminar o fracasso, reflita: “O que posso melhorar para o próximo teste?”, “Quais foram os pontos positivos da minha apresentação?”, “Como posso me preparar melhor na próxima vez?”.
A inteligência emocional, segundo Winch, é construída a partir de pequenos ajustes comportamentais e cognitivos no dia a dia. Para atores, atrizes e modelos, esse fortalecimento emocional é uma ferramenta tão importante quanto a técnica de atuação ou a passarela.
Além de trabalhar a aceitação da rejeição, é importante manter o foco em novas oportunidades. O mercado da moda e das artes cênicas é dinâmico e oferece constantemente novos projetos, campanhas e audições.
Lidar com o “não” faz parte do processo de crescimento de qualquer artista. Profissionais que desenvolvem habilidades emocionais para enfrentar as negativas demonstram maturidade, perseverança e equilíbrio — qualidades cada vez mais valorizadas por agências, produtores e diretores de casting. Como destaca Guy Winch, o importante é não permitir que a rejeição defina sua trajetória. Cada “não” pode ser, na verdade, um convite para o aprimoramento e para a construção de uma carreira mais sólida e resiliente.