Ao longo dos anos, as mulheres têm enfrentado inúmeros desafios em uma sociedade marcada por desigualdades de gênero. E quando falamos sobre esses desafios no contexto brasileiro, a complexidade se intensifica, especialmente para mulheres negras como eu, que vivenciam múltiplas formas de discriminação e opressão.
O dia 8 de março é para celebrar, mas é também para refletir sobre nossa realidade na sociedade. Quando olho para trás, vejo uma vida repleta de obstáculos que, muitas vezes, pareciam intransponíveis. Desde cedo, aprendi que ser mulher no Brasil significa enfrentar um sistema que nos subestima e nos silencia. No entanto, ser uma mulher negra acrescenta camadas adicionais a essas lutas diárias.
Uma das principais batalhas que enfrentei ao longo da vida foi a luta pela igualdade de oportunidades. Desde a infância, fui confrontada com a realidade de que minhas chances de sucesso eram menores do que as de muitos colegas. Eu ignorei essa realidade e corri com muita garra atrás de todas as oportunidades, assim como milhões de brasileiras.
Ainda hoje, vejo jovens mulheres negras enfrentando as mesmas batalhas que eu enfrentei décadas atrás, lutando para romper com o ciclo de pobreza e marginalização.
A representatividade sempre foi uma questão crucial para as mulheres negras no Brasil. Nos meios de comunicação, na política, nos espaços de poder, a presença de mulheres negras é escassa. Nossa voz é frequentemente negligenciada e nossas experiências são minimizadas ou ignoradas. A luta por representatividade é uma luta por visibilidade, reconhecimento e dignidade.
Apesar de todos esses desafios, as mulheres brasileiras têm demonstrado uma resiliência extraordinária. Nossa história é marcada por lutas e conquistas, por resistência e esperança. Enquanto enfrentamos adversidades, também encontramos força em nossa comunidade, em nossas raízes e em nossa cultura.
À medida que olho para o futuro, vejo um longo caminho a percorrer na luta pelos direitos das mulheres no Brasil. É fundamental que continuemos a levantar nossas vozes, a nos unir em solidariedade e a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres, independentemente de sua cor, origem ou identidade de gênero.
Os desafios de ser mulher no Brasil são inúmeros e complexos, mas também somos agentes de mudança, capazes de transformar realidades e construir um futuro mais inclusivo e equitativo para as gerações que virão depois de nós.
É hora de continuarmos avançando, com determinação e esperança, rumo a um mundo onde todas as mulheres possam florescer e prosperar plenamente.
Sonho com o dia em que os debates do 8 de março serão todos para celebrar, que todas as manchetes sejam de vitórias e que nós possamos comemorar de verdade!
Doutora Jane Klebia
Deputada distrital