A moda, enquanto fenômeno cultural e social, reflete e influencia comportamentos, valores e aspirações. No contexto da moda masculina, observa-se uma crescente complexidade e diversificação nas propostas estéticas, com a cor emergindo como um vetor fundamental de expressão e diferenciação. As projeções para os anos de 2025 e 2026, delineadas a partir de análises de passarelas internacionais, relatórios de bureaus de tendências e estudos de mercado, indicam uma evolução na paleta cromática masculina, transcendendo os paradigmas tradicionais de sobriedade. Este artigo visa explorar as tendências de cores para o vestuário masculino nos próximos biênios, sob uma perspectiva que integra a psicologia das cores e a dinâmica da inovação no design de moda.
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1. Tons terrosos e naturais: a estética da conexão e da essência natural
A persistência dos tons terrosos e naturais, como marrom, areia, caramelo, ferrugem e oliva, na vanguarda da moda masculina para 2025 e 2026 não é meramente uma questão estética, mas um reflexo de macro-tendências socioculturais. A psicologia das cores associa essas tonalidades à estabilidade, segurança, conforto e, crucialmente, à conexão com a natureza e a sustentabilidade . Em um cenário global de crescente conscientização ambiental, a preferência por paletas que evocam elementos orgânicos sinaliza um alinhamento com valores de consumo consciente e apreço pela durabilidade e atemporalidade.
Do ponto de vista da aplicação no vestuário, a versatilidade desses tons permite sua inserção em uma ampla gama de contextos, desde indumentárias casuais até composições de maior formalidade. A adaptabilidade do marrom claro em calças de alfaiataria, a textura da camurça em jaquetas, a organicidade das malhas em tons de argila e a presença discreta em acessórios como bolsas e tênis, exemplificam a capacidade dessas cores de transitar entre diferentes estilos, conferindo uma elegância discreta e um apelo intrínseco à autenticidade.
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2. Verdes: Da Robustez Militar à Sutileza da Sálvia
O espectro dos verdes mantém sua relevância nas projeções para 2025 e 2026, consolidando-se como uma escolha que equilibra modernidade e segurança. O verde militar, em particular, evoca uma estética utilitária e urbana, remetendo a conceitos de funcionalidade e resiliência. Sua associação com o vestuário de trabalho e uniformes confere-lhe uma conotação de praticidade e um certo rigor formal, que pode ser subvertido ou acentuado conforme a intenção do designer ou do usuário.
Em contraste, o verde sálvia e outras nuances mais claras introduzem uma dimensão de leveza, serenidade e sofisticação. Essas tonalidades, frequentemente associadas a ambientes naturais e a uma sensação de bem-estar, contribuem para a criação de looks que transmitem calma e refinamento. A aplicação dessas cores em camisas utilitárias, calças cargo, jaquetas bomber ou peças de alfaiataria em tecidos leves demonstra a capacidade do verde de se adaptar a diferentes propostas, desde o streetwear até o casual-chic, sempre com uma conotação de frescor e renovação.
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3. Laranja Queimado e Ferrugem: Expressão e Dinamismo
Para o indivíduo que busca uma expressão mais audaciosa e um dinamismo visual, o laranja queimado e o ferrugem emergem como cores de destaque nas tendências para 2025 e 2026. Essas tonalidades, derivadas da paleta dos vermelhos e marrons, são intrinsecamente ligadas à energia, criatividade e paixão, conforme a psicologia das cores. O laranja, em particular, é frequentemente associado à vitalidade, entusiasmo e comunicação, enquanto o ferrugem adiciona uma camada de sofisticação e maturidade, remetendo a elementos orgânicos e envelhecidos.
A inserção dessas cores no guarda-roupa masculino pode ser estratégica para a criação de pontos focais e a transmissão de uma personalidade marcante. Blusas oversized, jaquetas statement ou detalhes em acessórios são veículos eficazes para incorporar essas tonalidades, permitindo que o usuário experimente com a intensidade e a proporção da cor. A ousadia dessas escolhas cromáticas sinaliza uma ruptura com a discrição tradicional, abraçando uma estética mais expressiva e individualista.
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4. Lavanda e Tons Pastel: Suavidade e Fluidez
A crescente aceitação de cores tradicionalmente associadas ao universo feminino, como o lavanda e os tons pastel (azul claro, rosa bebê, amarelo suave), na moda masculina para 2025 e 2026, reflete uma desconstrução das fronteiras de gênero no vestuário. Essas tonalidades transmitem suavidade, delicadeza e uma sensação de leveza, alinhando-se com a busca por conforto e fluidez nas peças de vestuário. A psicologia das cores atribui ao lavanda qualidades como calma, espiritualidade e criatividade, enquanto os tons pastel evocam inocência, tranquilidade e otimismo.
Sua aplicação em camisas de linho e camisetas básicas sugere uma adaptação ideal para climas quentes e para a criação de looks descontraídos. Contudo, a menção de sua presença em sobreposições no inverno indica uma versatilidade que transcende as estações, permitindo a incorporação dessas cores como pontos de luz em composições mais neutras ou escuras. Essa tendência aponta para uma moda masculina mais inclusiva e menos rígida em suas convenções cromáticas.
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5. Cinza Chumbo e Tons Neutros Profundos: Minimalismo e Futurismo
Para aqueles que privilegiam a sobriedade e a estética minimalista, o cinza chumbo e outros tons neutros profundos mantêm sua posição de destaque nas tendências para 2025 e 2026. Essas cores, intrinsecamente ligadas à elegância, formalidade e atemporalidade, são pilares do estilo “clean fit” e “techwear”, que valorizam a funcionalidade, o design depurado e a ausência de excessos. A psicologia das cores associa o cinza à neutralidade, equilíbrio e sofisticação, enquanto os tons mais escuros podem evocar um senso de mistério e autoridade.
A aplicação dessas tonalidades em blazers, calças slim e sobreposições com peças em preto e branco reforça a proposta de um guarda-roupa versátil e adaptável a diversas ocasiões, desde o ambiente corporativo até eventos sociais. A predominância de neutros profundos permite a criação de silhuetas alongadas e uma estética coesa, onde a atenção se volta para a qualidade dos materiais e o corte das peças, em detrimento de explosões cromáticas. Essa tendência sublinha a contínua valorização da discrição e do refinamento no vestuário masculino contemporâneo.
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6. Color Blocking: A Dinâmica da Contraste Cromático
Além da análise de cores isoladas, as projeções para 2025 e 2026 indicam uma forte adesão à técnica do color blocking na moda masculina. Este conceito, que envolve a combinação de cores contrastantes em um mesmo look, transcende a mera justaposição de tonalidades, configurando-se como uma estratégia de design que explora a dinâmica da percepção visual e a psicologia das cores. A utilização de contrastes acentuados, como verde com lilás, azul com laranja ou marrom com amarelo, visa criar um impacto visual significativo, estimulando a atenção e a interpretação do observador.
Do ponto de vista da teoria das cores, o color blocking pode ser analisado sob a ótica da complementaridade e da analogia. A combinação de cores complementares (opostas no círculo cromático) gera um alto contraste e uma sensação de energia e vivacidade. Já a união de cores análogas (próximas no círculo cromático) tende a produzir uma harmonia mais suave, mas ainda assim visualmente interessante. A aplicação dessa técnica na moda masculina reflete uma crescente liberdade criativa e uma disposição para experimentar com a composição cromática, afastando-se das convenções de neutralidade e discrição que historicamente dominaram o vestuário masculino. Essa abordagem permite ao indivíduo explorar novas formas de autoexpressão e de comunicação não verbal através da indumentária.
A identificação e a projeção das tendências de cores na moda não são processos aleatórios, mas sim o resultado de uma complexa metodologia que envolve a análise de múltiplos fatores e a atuação de entidades especializadas. Bureaus de tendências, como a WGSN (Worth Global Style Network) e a Pantone, desempenham um papel crucial nesse ecossistema, realizando pesquisas aprofundadas sobre comportamentos sociais, avanços tecnológicos, movimentos artísticos, eventos globais e, claro, as coleções apresentadas nas principais semanas de moda internacionais (Paris, Milão, Londres, Nova Iorque).
Essas organizações empregam equipes multidisciplinares de sociólogos, psicólogos, designers, futuristas e analistas de mercado para decodificar os sinais emergentes e traduzi-los em direções de design e paletas de cores. A observação das passarelas, por exemplo, não se limita à mera identificação de cores recorrentes, mas à compreensão das narrativas visuais, dos materiais empregados e das silhuetas propostas, que em conjunto, sinalizam as direções estéticas. A psicologia das cores é frequentemente integrada a essa análise, buscando compreender como determinadas tonalidades podem ressoar com o estado de espírito coletivo e as aspirações dos consumidores.
O processo culmina na divulgação de relatórios e guias de cores que servem como referência para toda a cadeia produtiva da moda, desde a indústria têxtil até os designers e varejistas. Essa antecipação permite que as marcas desenvolvam coleções alinhadas com as expectativas futuras do mercado, garantindo a relevância e o sucesso comercial. A precisão dessas previsões é fundamental para a sustentabilidade da indústria, minimizando riscos e otimizando recursos.
As tendências de cores para a moda masculina em 2025 e 2026 sinalizam uma notável evolução, afastando-se da paleta historicamente restritiva e abraçando uma diversidade cromática que reflete as transformações sociais e culturais contemporâneas. A emergência de tons terrosos e naturais, verdes em suas múltiplas nuances, laranjas vibrantes, pastéis suaves e neutros profundos, demonstra uma moda masculina mais fluida, expressiva e consciente.
Essa diversificação não é apenas uma questão de estética, mas um indicativo de uma maior liberdade individual e da desconstrução de estereótipos de gênero no vestuário. A psicologia das cores desempenha um papel fundamental na compreensão do impacto dessas escolhas cromáticas, influenciando a percepção, o humor e a comunicação não verbal. A capacidade de misturar e contrastar cores, exemplificada pelo color blocking, sublinha uma abordagem mais lúdica e experimental, onde a autoexpressão se torna um elemento central.
Em suma, os próximos biênios prometem um guarda-roupa masculino enriquecido por uma paleta de cores que não apenas segue as tendências globais, além disso permite que cada indivíduo construa uma narrativa visual autêntica e sofisticada. A moda masculina, portanto, consolida-se como um campo fértil para a inovação e a manifestação da personalidade, onde a cor é um dos principais catalisadores dessa transformação.
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