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QUANDO TOMMY BUNS ENTENDEU

EDSON DE SOUZAPor EDSON DE SOUZA19 de março de 20246 Minutos de Leitura
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@edblacc
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O filme Belly de 1998 (Barra Pesada, no Brasil) estrelado pelos rappers estadunidenses, Nas e DMX, tem em seu ato final uma cena impactante. O personagem Tommy Buns, interpretado por DMX, é um criminoso que ainda na infância vendeu sua alma ao demônio para conseguir dinheiro, e se tornou um perigoso traficante que montou uma mega operação de drogas até ser pego pela polícia. No último ato do filme, Tommy invade um grande evento de fim de ano, onde um reverendo mulçumano com o sugestivo nome de Saviour, irá fazer uma pregação. Tommy Buns está ali para matá-lo. Ele foi recrutado por agentes do FBI, que lhe deram essa missão em troca da redução de sua pena por tráfico de drogas. A cena é bastante tensa, Tommy está dentro de uma sala reservada onde segura uma pistola com silenciador, apontada para o rosto do reverendo. Tommy está sozinho, com medo e descontrolado. O reverendo então pede que Tommy lhe dê cinco minutos para que possa dizer algo.

Autor @edblacc

O Movimento Hip-Hop nasceu como uma manifestação multicultural, englobando elementos marginalizados do meio urbano, que embora independentes em sua existência, eram tão convergentes que passaram a fazer parte do mesmo balaio. As block parties do Bronx (festas do bairro) produzidas pelos Djs locais, fizeram do jamaicano Kool Herc o grande criador do estilo, e seu intuito inicial era fornecer uma opção de diversão para os jovens negros e latinos, tornando um pouco mais leve o seu cotidiano violento.

Break, Grafitti, Dj e Rap. Alguns anos depois, aos quatro elementos fundantes da cultura Hip-Hop, foi adicionado um quinto, o conhecimento. Conhecimento da história de opressão e redenção do povo preto, das mazelas sociais que afligem e oprimem os pobres e as causas delas, conhecimento de seu papel e responsabilidade no mundo enquanto indivíduos e coletividade. Esse conhecimento sempre foi ressaltado nos elementos Grafitti e Rap. A parte musical da cultura, o Rap, desde sempre nunca negou sua essência e estruturação nas bases da cultura negra. Os beats, samples, lírica… tudo que compõe a música Rap é estruturalmente música negra! Do Funk ao Dancehall, Soul e R&B, o Rap bebe e costura esses elementos Porém, no Rap, o ritmo é tão fundamental quanto a poesia.  E assim como em quase toda totalidade cultural produzida pelo povo preto na diáspora, as letras da música Rap sempre trouxeram grande teor de protesto e questionamento, com foco no social. E esse fator foi preponderante para o destacar no cenário musical mundial, imbuindo a ele uma força tão potente que, como dizia Marcelo Yuka, o tornou o hino nacional do gueto, em todos os guetos do mundo.

Tudo evolui, tudo muda. E tudo se, a si, acresce, tudo cresce. Mas se tudo se estagna, tudo diminui e morre. E assim foi com o Rap, que cresceu tanto que suplantou os outros elementos da sua cultura, o Rap suplantou a própria ideia de Cultura Hip-Hop, para grande parte do público, principalmente no início dos anos 2000, Hip-Hop era a nomenclatura do gênero musical, talvez por causa dos DVD’s piratas vendidos nos camelôs à época, que traziam o famigerado nome “Hip-Hop da Moda” _ e me faziam ser o chato do rolé pregando que “Hip-Hop era cultura e Rap era música”.

E como tudo que cresce e chama atenção, o Rap tornou-se comercializável, agregou a si elementos diversos que o abasteceram de diversidade, mas que também lhe impuseram características muito pouco louváveis. Com beats cada vez mais impactantes e poesias que aos poucos se tornaram repetitivas e degradantes. O subgênero Gangsta trouxe referências a armas, uso e venda de substâncias ilícitas e o pior, a degradação das mulheres, coisas que foram potencializadas com a chegada do Trap. A polêmica ideia de ostentação colocou alguns rappers no topo. Mas a quem isso verdadeiramente favorece?

O Trap é hoje um dos gêneros musicais que possui a maior penetração entre a juventude nas camadas mais pobres da população. A educação musical é uma forma eficaz de difusão de ideias, de formação ideológica e modelação comportamental. As ideias propagadas por muitos rappers já há bastante tempo, não estimulam a um engrandecimento intelectual, elaboram um fortalecimento de caráter ou discutem questões de interesse social da coletividade a que pertencem os seus fãs, ao se destacar da Cultura Hip-Hop, o Rap parece ter abandonado o conhecimento também, ao ponto de obrigar a alguns rappers informarem que a origem do gênero musical é preta, que o Rap é música negra.

A quem favorece o emburrecimento das gerações?

Tommy Buns estava inquieto com a arma apontada para o rosto do reverendo Saviour. Saviour lhe pediu cinco minutos para lhe dizer algo, e ele disse:

“_  Dê uma olhada ao redor. A maioria dos jovens vaga pelas ruas em meio as drogas, sexo e violência, e acham que essas coisas não terão nenhum efeito real na vida. Sem consequências.

Uma geração desinteressada, indiferente e insensível, sem autoconhecimento. Este é o futuro da nossa nação, o futuro do nosso povo. Você acha que o ódio e o mal ficarão impunes? O mundo agora está sentindo o calor de seus erros.

Os homens ruins deste mundo fizeram uso de todos os métodos possíveis para enganar os seus habitantes, e o seu sucesso é cada vez maior que o esperado.

(…) A verdade é que todos temos um grande papel em nossa própria destruição. Seu dinheiro, seu estilo de vida , as coisas que as pessoas valorizam e cobiçam tanto são as iscas que as atraem para longe da luz. Eles usam o seu maior medo contra você e o caminho que você segue não é mais o seu.

Você já parou para pensar o quão preciosa é uma vida?

Na dificuldade que é para criá-la?

E como tem sido simples e fácil para saírem por aí tirando vidas?

 

Irmão, me ajude.

Me ajude a fazer o que é certo.

Me ajude a parar o massacre de nossas crianças.

Me ajude a acabar com o desrespeito e a desonra do nosso recurso mais valioso: a mulher negra.

Me ajude a acabar com a destruição da mente dos jovens através do uso de drogas e álcool.

Me ajude a construir uma população de grandes pensadores. Pessoas que provocam mudança através de pensamento, consideração, cuidado e espiritualidade.

Você escolherá essa verdade? Você poderia?

Você escolherá a luz em vez da escuridão?”

Se Tommy Buns matou ou não o reverendo Saviour, o título do texto já responde a você, o que posso dizer a mais é que ele se entregou em um chôro que homens negros não costumam se permitir. Foi a redenção de Tommy porque uma mente focada não estava disposta a desistir dele.

Eu não desisti do Rap, ele ainda pode e está salvando vidas. Ainda há tempo para muitas coisas, mas é preciso centralizar a rota.

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EDSON DE SOUZA
EDSON DE SOUZA

Ed é um desenhista, escritor, candomblecista e criador de universos e histórias. Sua paixão pelas artes visuais floresceu na infância e, sendo autodidata, desenvolveu traços expressivos inspirados nas comics americanas, representando personagens negros que raramente encontrava na cultura pop. Da arte visual à escrita, o percurso foi natural; as histórias clamavam por serem contadas. As palavras tornaram-se a chave para explorar o inexplorado em si mesmo. Ed criou contos, escreveu um livro, produziu quadrinhos e fanzines, compôs poemas, deixou sua marca em muros com grafites, e também apresentou programas em rádios clandestinas. E em sua jornada, entregou o coração a uma preta escorpiana. Ed de Souza é Graduado em Ciências Sociais, com especialização em Estudos Afro-Brasileiros e Estudos das Cidades, é um crítico da sociabilidade contemporânea, argumentando que todos os caminhos apontam para Alkebulan (África). Para Ed, é essencial mergulhar nas raízes ancestrais, porque o futuro é intrinsecamente ligado ao passado. Sua citação favorita, de Marimba Ani, ressoa profundamente em sua filosofia: "Sua cultura é o seu sistema imunológico."

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