Adicionando mais um título ao seu catálogo de trabalhos no cinema e no teatro em 2025, o ator Paulo Guidelly embarca em uma nova jornada como protagonista do longa “Mate Todos os Lobos”, com direção de Vinícius Moras. É um filme sobre corpos insurgentes, amor em tempos de guerra, e o direito de imaginar novas formas de existir, exibindo um romance que desafia as estruturas do tempo, da violência e do medo. Nele, Paulo Guidelly interpreta Amadeo.
“Amadeo é um cara que sobreviveu a um grupo guerrilheiro negro no começo da Ditadura Militar. Depois que tudo foi destruído e os amigos sumiram, ele volta machucado pra um esconderijo onde está o Santiago, que é mais que um amigo, um possível amor. Mas tem um lance meio mágico com ele: Amadeo pode se transformar em lobo. Isso é uma coisa que fala muito sobre a força dele, o instinto de sobrevivência, algo que vai além do humano”, conta o ator.
Ambientado durante os anos de chumbo da Ditadura Militar brasileira, “Mate Todos os Lobos” reinventa, por meio da ficção, a pouco conhecida história da Guerrilha do Caparaó, primeiro levante armado contra o regime no Brasil. Mais do que um resgate histórico, esta narrativa é um mergulho nas profundezas do afeto, da resistência e da ancestralidade negra. Relatado o encontro de dois homens pretos e sua relação construída em silêncio, suor e desejo, entre o real e o fantástico.

Paulo contracena com o Ramon Francisco, intérprete de Santiago, par de Amadeo na história. Os dois já eram amigos antes do projeto, tendo se conhecido no grupo Nós do Morro. Com o convite para participar do filme, Paulo espera conseguir evidenciar uma história que muitas vezes fica escondida, mostrando a luta e a dor, mas também a força e resistência de quem sofreu nesse período histórico.
“A relação de Amadeo e Santiago é bem intensa, cheia de história. Tem amor, desejo, mágoa, trauma – tudo junto, numa mistura forte que acontece nesse cenário difícil da ditadura e da guerrilha que não deu certo. É uma relação que fala muito sobre como as pessoas tentam se apoiar e seguir em frente, mesmo quando tudo tá contra elas. É um desafio muito grande, porque naquela época ser quem a gente é hoje era ainda mais perigoso. Representar esse amor num contexto tão opressor é importante para mostrar como o afeto e a resistência caminham juntos, mesmo em tempos de medo e violência. É um papel que me dá muito orgulho, porque ajuda a dar visibilidade a histórias que foram silenciadas”, complementa.

As filmagens se iniciaram em agosto na Serra do Caparaó, região serrana na divisa de Minas Gerais, e Espírito Santo onde realmente aconteceu uma das primeiras guerrilhas contra a Ditadura Militar no final dos anos 60, e no Rio de Janeiro. “O público pode esperar uma história intensa, profunda e cheia de camadas. É um filme que mistura realidade e fantasia de um jeito muito potente, pra falar de dor, amor, resistência e transformação. Não é só sobre política ou opressão, é sobre humanidade”, adianta Paulo.
“Essa história tem um significado muito pessoal. Ao interpretar Amadeo, me conecto com a dor e a coragem dessas pessoas que enfrentaram a ditadura — uma época que marcou muito o país e, de certa forma, a minha própria história. É emocionante poder dar voz a quem foi silenciado, e também é uma forma de me posicionar, mostrar que essas lutas ainda estão vivas dentro de mim. Contar essa história é, no fundo, um jeito de entender melhor quem eu sou e de homenagear toda essa resistência”, relata.
Paulo Guidelly segue se mostrando uma revelação na atuação. O curta metragem “E Seu Corpo é Belo”, no qual protagonizou, foi finalista do Prêmio Grande Otelo 2025, uma das premiações de maior prestígio do cinema brasileiro. A produção, que teve sua estreia no Festival do Rio em 2024, se tornou finalista do Grande Otelo na categoria Melhor Curta Ficção. O curta já foi premiado com três Troféus Candango no 57º Festival de Brasília, na categoria Melhor Curta Carioca do Festival Internacional de Cinema Rio LGBTQIA+, e exibido em festivais em Tiradentes, Salvador e Colômbia.
O ator também poderá ser visto na nova temporada de “Rabo de Peixe”, série de sucesso portuguesa da Netflix, que estreia em 17 de outubro. A temporada foi gravada em Lisboa e na ilha de Açores, onde a história se passa. A produção é inspirada num acontecimento real que ocorreu em 2001, quando um veleiro naufragou com cocaína a bordo. Paulo interpreta um dos braços direitos dos vilões da segunda temporada, interpretados por Paola Oliveira e Caio Blat.