Júnior Sá, modelo internacional há quase seis anos, está de volta ao Brasil após uma jornada intensa e transformadora em diversos países da Ásia. Sua história é marcada por resiliência, talento e orgulho de suas raízes — e tudo começou com o seu primeiro trabalho no Desfile Beleza Negra, em 2018, representado pela agência 3 Models.

Sua estreia internacional aconteceu na Coreia do Sul, onde aprendeu a confiar em si mesmo e teve a certeza de que a moda era, de fato, sua paixão. Mesmo em meio à pandemia, não parou: seguiu para Hong Kong, onde trabalhou por dois anos e meio para grandes marcas como Chanel, Hermès, Louis Vuitton, Farfetch, New Era, entre outras. De lá, passou por Shangai, onde fotografou para nomes como Coca-Cola, Vogue e GAP, e depois por Taiwan, onde mesmo com poucos trabalhos, viveu experiências enriquecedoras.

O retorno a Hong Kong por mais sete meses fechou esse ciclo no exterior, que agora dá uma pausa para que Júnior possa rever a família e atualizar seu material para novos contratos.

Mas nem tudo foram flores. Júnior também enfrentou o racismo estrutural presente na indústria da moda asiática: castings que recusavam modelos negros, edições que clareavam sua pele, maquiagens mal aplicadas, e a recorrente falta de preparo para lidar com cabelos crespos. “De 10 trabalhos, 9 usavam meu cabelo natural porque não sabiam o que fazer com ele”, afirma.

Ainda assim, ele celebra os clientes que fizeram questão de criar um ambiente de respeito e acolhimento, buscando profissionais preparados para lidar com modelos negros com dignidade.
“Hoje em dia, não aceito tudo o que os clientes dizem sobre minha pele ou meu cabelo. Somos perfeitos da maneira que somos”, ressalta.

Filho de Alecintia, mulher guerreira que muitas vezes tirou da própria alimentação para que ele pudesse fazer um casting, Júnior leva no peito a responsabilidade de ter ajudado a mãe a conquistar sua formação e de apoiar a família com os frutos do seu trabalho. “Ainda há muito que quero conquistar, mas tenho orgulho de nunca ter desistido”, diz o modelo, que trabalha quase todos os dias no exterior.

Hoje, ao retornar ao país após seis anos, Júnior Sá traz não só sua bagagem internacional, mas também a consciência de que pode ser referência e inspiração para novos talentos negros na moda. “Temos que ser fortes e mostrar ao mundo que somos a diferença que ele precisa.”