O Super Bowl Como Palco de Crítica Social
Na maior audiência da história do Super Bowl, com 133 milhões de espectadores, Kendrick Lamar transformou sua performance em uma poderosa crítica ao sistema político norte-americano, repleta de simbolismos e referências históricas.
O show, desenvolvido por Michael Bacon, começa com um palco quadrado, apresentando os quatro símbolos do PlayStation, aludindo ao controle do jogo. O ator Samuel L. Jackson surge como Uncle Sam, personificação do poder americano, e declara: “Sejam bem-vindos ao jogo norte-americano”. A escolha de Jackson, um homem negro, para esse papel enfatiza a disparidade racial no país, especialmente sob o governo Trump.
A performance ganha contornos ainda mais simbólicos com a formação de uma bandeira dos EUA pelos dançarinos, representando a construção do país pela força do povo preto. Parcerias estratégicas, como a participação de SZA e Serena Williams, funcionam como provocações a Drake, reforçando as críticas de Kendrick à apropriação da cultura negra.
Seu figurino também carrega mensagens. A pena no boné simboliza honra e glória em tradições indígenas, enquanto a jaqueta customizada da Martini Rose traz “Gloria” em letras garrafais, homenageando a comunidade latina. O colar com a letra “a” minúscula faz alusão à nota musical A menor e reforça a crítica contra Drake, acusando-o de explorar a cultura negra e cometer crimes com menores.
Durante toda a performance, Samuel L. Jackson questiona Kendrick sobre seu entendimento do “jogo”, culminando na mensagem final: “Game Over”. Ironicamente, Donald Trump estava presente na plateia e, mais tarde, declarou não ter entendido a apresentação.
O impacto foi imediato. Apesar das opiniões divididas, Kendrick Lamar entregou uma das mais políticas performances já vistas no Super Bowl, provando que a revolução, afinal, pode sim ser televisionada.