“Nunca imaginei que minha trajetória como mulher negra brasiliense me levaria até uma passarela na Suíça. Ao desfilar internacionalmente, vivi não apenas um momento de realização pessoal, mas também um encontro entre culturas e estéticas.”
Recentemente, participei da Couture Fashion Night 2.0, uma celebração de elegância, champanhe e alta-costura realizada no icônico The Dolder Grand, em Zurique, Suíça.
Na ocasião, o evento reuniu nomes consagrados da alta-costura internacional, com criações assinadas pelo renomado estilista suíço Jean Luc Amsler — cuja trajetória inclui colaborações icônicas com Dior, YSL e Cartier — além da excelência da alfaiataria italiana de Carlo Pignatelli e das propostas inovadoras da Kenu Boutique.
Em meio a holofotes, vestidos deslumbrantes e uma atmosfera de luxo, representei uma marca que vai além da roupa: Birds of Love, da estilista Elena Meise. Conhecida por suas cores vibrantes e peças que celebram a individualidade, a marca traduz uma filosofia — de força, liberdade e autenticidade feminina.

Desfilar ali teve um significado especial. Em meio ao público europeu, às câmeras e ao requinte do evento, minha presença como mulher negra brasileira trazia uma camada a mais de beleza e representatividade. Não se tratava de ser exceção — mas de somar, de enriquecer a narrativa da moda com uma perspectiva única. Porque a diversidade não apenas compõe a passarela: ela a transforma.
Mas esse momento não nasceu do acaso. Minha caminhada na moda começou em Brasília, sendo uma das primeiras modelos a participar do Desfile Beleza Negra, projeto que celebra o Dia Nacional da Consciência Negra e valoriza a representatividade nos palcos e passarelas do Distrito Federal. Foi ali que compreendi o poder da imagem, da estética e da ocupação de espaços.

Foi nesse mesmo desfile que dei meus primeiros passos na moda — cercada de histórias, talentos e muita emoção. Cada participação em Brasília foi um aprendizado sobre estilo, presença e propósito.
Estar anos depois em Zurique, desfilando no The Dolder Grand, foi como conectar dois momentos distintos da minha trajetória. De um lado, as raízes do meu começo; do outro, a realização de um sonho internacional.
Levo dessa experiência a beleza do encontro entre culturas, a emoção de representar uma marca que valoriza a autenticidade e o orgulho de ver minha caminhada ganhando novos cenários. Que venham novas passarelas, novas trocas e novas histórias para vestir — com verdade, elegância e coração.
O mundo é vasto, e a moda me leva adiante. Nos vemos na próxima parada?