A estampa de poá representa, em 2025, um dos motifs visuais mais recorrentes e politizados nas passarelas internacionais. Ela ressurge não simplesmente como revival nostálgico, mas como elemento de reinvenção; estilistas estão explorando sua escala, cor, textura, e combinatória, para afirmar identidades visuais que dialogam com heranças culturais e urgências contemporâneas. Nos desfiles de primavera/verão e outono/inverno de 2025, poás apareceram em casas estabelecidas — Valentino, Carolina Herrera, Moschino, Fendi — bem como em grifes cujos trabalhos enfatizam a experimentação gráfica e o mix de texturas.

Valentino, por exemplo, apresentou poás exagerados (oversized dots) em vestidos longos monocromáticos, criando contraste visual entre o clássico e o de caráter escultórico.

Carolina Herrera dedicou parte de sua coleção Primavera/Verão 2025 ao uso de poás sobre tecidos fluidos, como chiffon ou crepe, frequentemente mesclados com flores de grande escala — uma combinação que sugere tanto elegância quanto exuberância estética. Moschino, por sua vez, adotou o poá em formas mais irreverentes, inclusive em peças de inspiração retro ou pop, com saias, vestidos e blazers que brincam com proporções e sobreposições visuais. Fendi, já para o outono/inverno 2025, elevou o poá ao combinar a estampa com peles sintéticas e materiais de acabamento de luxo, transformando o que poderia ser um print lúdico em declaração de poder e textura tátil.
Esses usos corroboram uma tendência de mistura — não apenas de estampas entre si, mas também de técnicas de costura, texturas e escalas visuais. A dimensão política da moda — que ultrapassa barreiras de raça, gênero e visibilidade — encontra no poá um elemento plural: por ser um padrão que atravessa histórico de feminilidade clássica associada a estilos europeus e americanos, mas que agora é apropriado por estilistas de origens diversas, inclusive africanas e afro-diaspóricas, para ressignificar o que “clássico” significa. A variabilidade da estampa — micro-poás, macro-poás, poás difusos, fundos contrastantes — torna-se veículo para questões de identidade visual, contraste estético, visibilidade corporal, e reflexão de poder simbólico.

Em consonância com essa análise, sugerimos a seguir três exemplos específicos de combinações possíveis de poá com outras estampas ou cores, que se alinham à prática estilística contemporânea observada em 2025:
1.Poá + Floral Oversized em fundo claro: Uma blusa transparente ou semi-transparente com poás micro sobre chiffon, combinada com saia ou calça de estampa floral em tamanho grande (flores estilizadas), em cores vibrantes como coral ou magenta sobre base creme ou off-white. O contraste entre a leveza do floral fluido e a precisão geométrica do poá cria tensão visual elegante.
2.Poá + Animal Print + Neutros ou terra: Um blazer ou casaco com estampa de oncinha ou zebra num tom neutro (bege, carvão, marrom), usado sobre vestido ou blusa com poás de escala média, em preto e branco ou preto e bege. A combinação de dois ícones de padronagem imprime força e ancestralidade; os neutros ajudam a equilibrar para que o visual não fique excessivamente caótico.
3.Poá + Cores Sólidas Intensificadas: Poás de alto contraste (por exemplo, branco sobre preto, ou preto sobre vermelho) usados em uma peça atraente — vestido midi, macacão — combinados com acessórios (jaquetas, cintos, sapatos) em cores saturadas como verde-esmeralda, azul royal ou amarelo-ouro. A peça central com poá funciona como ponto focal, e os acessórios em cor sólida realçam a energia e o “peso visual” sem competir com demasiadas estampas.