Com design ousado e processos sustentáveis, marca brasiliense transforma jeans descartado em arte e afirma sua identidade no cenário da moda nacional.
Criatividade, autenticidade e propósito definem o trabalho do Ojo Ateliê. Fundada em 2012 por Toni Ponciano, a marca surge na periferia do Distrito Federal com uma proposta ousada: transformar o jeans descartado em peças únicas, cheias de identidade e informação de moda. O Ojo é resultado de uma trajetória marcada por resiliência, reinvenção e desejo de criar a partir do que se tem — com beleza, técnica e verdade.

Toni Ponciano encontrou na moda uma forma de expressão e conexão com o mundo. Nascido em Goiânia e criado em Planaltina (DF), começou ainda jovem a experimentar a criação artística. Aos 14 anos, já desenhava bolsas e participava de oficinas de bordado e pintura. Aprendeu a costurar com sua mãe e madrinha, ambas costureiras, e foi nesse ambiente que desenvolveu um estilo próprio, que une sensibilidade, técnica e ousadia. Autodidata, Toni construiu sua marca na prática, aprendendo com o tempo, com as vivências e com o contato direto com o fazer manual. Hoje, é reconhecido por criar peças com forte identidade visual, que dialogam com o urbano, com o corpo em movimento e com a pluralidade de estilos.

O cotidiano das cidades satélites do Distrito Federal — suas paisagens urbanas, cores e histórias — é parte essencial do processo criativo da marca. Criado no bairro Vale do Amanhecer, em Planaltina, o estilista carrega nas peças uma estética que dialoga com a rua, com o vestir como forma de linguagem.
“A quebrada tem uma força estética que pulsa. A gente observa, vive, sente e transforma isso em roupa”, explica.
O resultado são modelagens assimétricas, sobreposições, fendas e bordados que fogem do óbvio e criam um visual urbano, expressivo e ao mesmo tempo sofisticado — para quem vive com intensidade, dança, se move e ocupa seu espaço com estilo.

O trabalho com o jeans descartado não é apenas uma escolha ecológica, mas também uma assinatura da marca. Ao reutilizar calças e tecidos considerados sem valor, o Ojo propõe uma nova maneira de olhar para o vestuário: com respeito, originalidade e propósito.
“Trabalhar com o que seria lixo nos desafia a ser mais criativos. Cada peça é um recomeço, uma nova história sendo costurada”, afirma Toni.
Mais do que reaproveitar materiais, o ateliê desenvolve um design autoral que valoriza processos manuais, recortes inteligentes e uma estética própria. Cada roupa é única, feita à mão, com atenção aos detalhes e uma clara intenção de romper com o descartável.
Empreender no segmento da moda autoral, especialmente fora dos grandes polos de consumo, exige persistência e visão. Desde 2012, Toni vem construindo sua trajetória com consistência, criando peças únicas e conectando-se a um público que busca autenticidade, inovação e um consumo mais consciente. Entre os desafios estão a estrutura limitada, o acesso a editais e o reconhecimento do valor do trabalho artesanal. Mas as conquistas falam alto: o crescimento da marca, a conexão com novos públicos e a valorização da identidade periférica como estilo.
“É muito gratificante ver que o que nasceu no improviso hoje se consolida como uma marca com propósito e estética própria”, comenta o estilista.

A participação do Ojo Ateliê na 24ª edição do Desfile Beleza Negra (DBN) representa um marco importante na trajetória da marca. Para Toni, o evento é uma vitrine que valoriza o design autoral e abre espaço para novos olhares dentro da moda.
“O DBN é mais que um desfile. É onde a criatividade da quebrada ganha luz, onde podemos mostrar o que fazemos com técnica, beleza e originalidade”, diz.
Com uma coleção inédita especialmente desenvolvida para o evento, a Ojo promete surpreender com criações que unem moda e conceito, tradição e inovação — sempre com o jeans como base e a ousadia como assinatura.
Ojo Ateliê consolida-se como uma das marcas mais interessantes surgidas fora do eixo convencional da moda brasileira. Ao transformar descartes em desejo, Toni Ponciano reafirma que estilo é construção — e que a verdadeira inovação muitas vezes nasce onde menos se espera. Entre linhas, texturas e narrativas visuais, o Ojo entrega ao público algo raro: roupas com alma, criadas com técnica e carregadas de significado. Uma marca que fala com quem não apenas veste, mas sente, sonha e se expressa por meio do que escolhe usar.
 
									 
					
