Mônica Sampaio se destaca como figura central no movimento afrofuturista da moda brasileira, unindo herança ancestral e inovação em suas criações. Com raízes no Recôncavo Baiano, a estilista transforma a passarela em uma celebração das culturas ancestrais negras e das visões do futuro. Sua marca, Santa Resistência, reflete a riqueza da diáspora africana e o afrofuturismo — um movimento artístico e cultural que explora como o futuro pode ser, ao mesmo tempo, uma projeção e uma extensão das raízes negras. No São Paulo Fashion Week (SPFW), com sua nova coleção “Manifesto Ancestral”, Mônica Sampaio une tradição e modernidade, propondo uma visão que transcende o tempo e as fronteiras.
O afrofuturismo é, em essência, uma forma de reconectar o presente com a ancestralidade africana, projetando-a para um amanhã onde a identidade negra é central e vibrante. Para Mônica, essa jornada ganhou novas camadas ao descobrir sua ascendência Maasai, através de um teste de DNA, que revelou ligações com o Quênia e a Tanzânia. Embora nunca tenha pisado no continente africano, Mônica sempre sentiu a presença viva de sua ancestralidade, um sentimento que foi catalisado por essa descoberta. “Manifesto Ancestral” é um testemunho desse afrofuturismo, onde o passado se transforma em uma ferramenta de resistência e reimaginação.
As peças da coleção refletem uma estética afrofuturista, misturando formas clássicas e fluidas com símbolos e cores que remetem ao poder dos Maasai e às conexões culturais afro-brasileiras. Com uma paleta vibrante que inclui vermelho, roxo, azul-mar e verde-água, desenvolvida em parceria com a artista plástica Auxi Silveira, e a presença marcante do manto Maasai, projetado pelo artista visual Alex Rocca, Mônica traz para a passarela a tradição reimaginada sob uma perspectiva contemporânea. A coleção propõe que a moda é, por si só, uma forma de futurismo: ao contar histórias ancestrais de forma inovadora, ela aponta para uma nova realidade onde a moda negra ocupa espaços que antes lhe foram negados.
No afrofuturismo, a narrativa é uma forma de resistência — e, para Mônica, isso significa dar visibilidade a figuras que marcaram o imaginário ancestral negro, como as mulheres de fé do Recôncavo, ou Elizabeth de Toro, princesa e diplomata de Uganda, a quem Mônica dedicou uma coleção anterior. Ao reinterpretar essas histórias e combiná-las com elementos de sua própria experiência, Mônica desafia a visão limitada da moda e insere a cultura negra no centro das discussões sobre identidade e inovação.
Além de sua visão estética, Santa Resistência reflete os valores de um afrofuturismo sustentável e inclusivo. Cada peça é produzida com materiais ecologicamente responsáveis, como algodão, linho e couro de tilápia rastreável, alinhando tradição e tecnologia. A marca trabalha com costureiras da comunidade e mães solo, mostrando que o afrofuturismo na moda também pode incluir justiça social e responsabilidade ambiental.
Com a presença de Mônica no line-up oficial do SPFW, o evento se abre para uma perspectiva de moda onde o futuro é construído com respeito à ancestralidade. Em “Manifesto Ancestral”, Mônica convida o público a se reconectar com suas origens e a repensar o que significa estar em sintonia com a herança africana em uma sociedade moderna.
Ela declara:
“A ancestralidade não se limita a fronteiras geográficas, mas pulsa dentro de cada um.” – Mônica Sampaio
Para Mônica, o afrofuturismo é mais do que uma estética; é um movimento de identidade, uma celebração do passado e uma projeção de um futuro onde as culturas africanas e negras brasileiras, brilham com força e inovação.
Mônica Sampaio
1.Sua coleção “Manifesto Ancestral” é inspirada nas tradições dos Maasai e no afrofuturismo. Como foi o processo de transformar essa inspiração em moda contemporânea e acessível ao público brasileiro?
A moda é universal, ela não possui fronteiras e os laços que une, nós negros, à África é muito potente. É algo literalmente ancestral. Então foi bem natural me reconhecer em cada momento de pesquisa, me reconectar. Eu queria realmente trazer códigos da cultura, da indumentária, do espaço geográfico dos povos da África Oriental e transforma-los em uma moda contemporânea com o DNA da Santa Resistência.
2. Ao redescobrir suas raízes Maasai, como isso afetou sua perspectiva pessoal e criativa? Em que outros momentos a ancestralidade e a autodescoberta impactaram sua visão de moda?
Eu costumo dizer que não carrego bandeiras e nem limito a minha moda. Não faço moda afro. Faço moda. Eu sou negra. Não preciso afirmar isso, pois todos os dias acordo habitando a minha pele , então quero que o meu trabalho atinja o maior número de pessoas em todos os lugares, para que através dele, me reconheçam e reconheçam a minha ancestralidade. A moda que faço na Santa Resistência tem referências claras na África. Na África moderna e contemporânea. Na África com perspectivas reais de crescimento
econômico, com semanas de moda importantes e Designers criativos de sucesso. Ao mergulhar em minha busca ancestral e redescobrir minhas raízes, só reafirmou a minha visão de descendência de um povo nobre, orgulhoso e com uma cultura belíssima.
3. Sua marca Santa Resistência se destaca pelo compromisso com a sustentabilidade e pela valorização das comunidades locais. Como você equilibra as demandas criativas com a necessidade de práticas responsáveis e inclusivas?
Ser sustentável é um dos valores da marca Santa Resistência e entendemos o desafio de fazer parte de uma indústria considerada a segunda maior poluidora do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera. Somos uma marca slow fashion e focamos em uma produção e consumo de menor impacto ao meio ambiente e insistimos em uma cadeia de produção justa e transparente. Isso já está bem definido. O equilíbrio surge do conhecimento do que queremos com a nossa moda. Quais parceiros queremos para fazê-la.
4. A indústria da moda é muitas vezes desafiadora para mulheres, especialmente para as que atuam após os 50 anos. Que conselhos você daria para mulheres maduras que querem iniciar uma nova carreira ou empreender no setor?
Tenham coragem. Se chegamos até aqui sendo criativas, ativas , podemos conseguir muito mais. A maturidade está ao nosso favor e a experiência também, então a jornada se torna mais fácil até para encarar o etarismo.
Jorge Guerreiro é um ator nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro. Iniciou sua jornada artística como membro do influente grupo de teatro Nós do Morro, sob a orientação de Guti Fraga. Posteriormente, em São Paulo, Guerreiro frequentou a Escola Livre de Teatro em Santo André (ELT) e, em seguida, a renomada Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP).
Sua trajetória profissional inclui participações em produções como a série "Justiça2", da Globoplay, a novela "Pedaço de Mim", da HBO, e a segunda temporada da série "Rio Heroes", dirigida por Luis Pinheiros para a FOX. No teatro, atuou em peças como "Quintal do Manuel", "Torcicologologista" e "Tudo Aquilo Que Já Dissemos", entre outras.
Além de sua carreira artística, Jorge Guerreiro também é empresário, co-fundador da JD Comunicações com sua sócia Dai Schmidt, assim como da marca DBN (Desfile Beleza Negra).
Adepto do Candomblé, Guerreiro é um artista profundamente comprometido com sua arte, cultura e espiritualidade. Figura proeminente e respeitada na indústria brasileira de entretenimento, além de ser um empreendedor comprometido com a comunicação e a cultura.